NOVAS VIVÊNCIAS
Na tarde de hoje, ao visitar um asilo, ouvi inúmeros depoimentos. Vários idosos disseram-me que, ao acordarem, levantam cheios de dores: algumas físicas, outras emocionais. Olhos e corpos fatigados e desesperançosos.
Ainda que decepcionados e tristes, minha visita fez saudades aflorarem. Veem, em épocas passadas, momentos de felicidade. “Havia harmonia e respeito, valores modificados pela modernidade.”
Ao conversar com o grande grupo, um senhor comentou que os homens e a natureza estão doentes; que a morte é iminente e que, como parte da família, eles buscaram passar às novas gerações ensinamentos para que, ao crescerem, não permitam que a evolução destrua o que um dia construíram.
As sensações de abandono e de perda os deixam magoados. Olham o mundo a buscar a inteligência e a razão humana, fatores em que depositaram suas últimas expectativas. Nos rostos, a certeza de que em breve chegarão ao fim de seus caminhos. Às vezes, a vida parece-lhes não ter sentido. Afirmam que a violência e a degradação aprisionam os bons valores, os quais, certamente, estão registrados apenas em suas lembranças.
Seus corações estão sofridos, não só por terem sido jogados à solidão pelos filhos, mas por estarem conscientes dos problemas sociais e políticos que o país está a enfrentar.
Ao despedir-me, uma vozinha, com lágrimas nos olhos, falou:
– Moça, é importante que as famílias voltem a valorizar os idosos; que resgatem as belezas da vida; que não queiram ser para os seus descendentes somente a imagem de um passado; que queiram uma sociedade sensata e ética, um mundo de respeito, paz e progresso.
Vovôs e vovós, que um dia embalaram, com afeto, seus filhos, além de não serem lembrados, hoje, só encontram amor e carinho em voluntários que se propõem passar algumas horas em suas companhias.