SINDROME DE ESCORPIÃO

Ultimamente tenho me pegado falando sozinho. Demência ou consequência por talvez entender o que está por vir? Nestas horas em que a soberba, a ignorância, a má fé, vem permeando a raça humana, algumas perguntas e conceitos afloram através de uma honesta e sincera curiosidade a respeito de nossa origem para que possamos traduzir realmente o que é importante na dimensão da humanidade.Como também ao mesmo tempo diagnosticar esta patologia coletiva quanto ao suicídio mediante a todo o círculo de fogo que os humanos ofertam a sí mesmos.Como disse o teólogo Paul Tillich:- " Que uma incerteza universal paira sobre nós a respeito de onde viemos formalizando com isto uma dramática INQUIETAÇÃO ÚLTIMA".

Por mais de 1 milénio a civilização ocidental baseou-se em um fundamento religioso Judaico-cristão que absurdamente entendia que os seres humanos e o planeta que habitamos fosse o foco central dos domínios de Deus. Infelizmente este ponto de vista por mais de 5 séculos mutilou, destruiu, perseguiu, milhares de vida principalmente a partir de uma observação científica de Nicolau Copérnico que ousou afirmar que o nosso planeta não era o centro do universo mas apenas um entre vários que giravam ao redor de uma estrela formando um sistema.

No século XVII apareceria Kepler e Galileu que confirmariam os estudos de Copérnico.

No século XIX para total espanto e ranço da sociedade da época, aparece um grande pesquisador que após anos de observação e fecundos estudos por várias áreas do planeta publica "A Origem das Espécies". Era Charles Darwin que apontava para o que hoje o Projeto Genoma confirma... a evolução das espécies assim como o parentesco celular muito interessante entre estas mesmas espécies. Somos todos descendentes, crentes ou não.

Já no século XX uma família de eminentes arqueólogos ingleses apresentavam excepcionais pesquisas sobre a caminhada do homem em sua pré-história. Em 1931, Louis Leakey na garganta de Olduvai (Tanzânia), descobriu machados manuais bem trabalhados em declive, que foram datados em 1 milhão de anos. Em 1979, a família Leakey a 40 km desta garganta de Olduvai, na base do vulcão Sadimam descobriu perfeitas pegadas petrificadas de 3 hominídios todos erectos. Estas pegadas foram datadas de 3.700.000 anos indicando que o bipedismo há pelo menos 4 milhões de anos já compunha o modo de andar e sustentação desta nova raça habitante deste planeta.Assim declarava Charles Leakey: -"Nosso íntimo relacionamento biológico com os antropóides foi, sem dúvida, confirmado cientificamente em épocas mais recentes. Por exemplo, os bioquímicos demonstraram que as proteínas que formam o corpo dos homens e dos chipanzés diferem em estrutura em menos de 1 por cento. Tal similaridade bioquímica, trai um relacionamento fantástico, evolucionário, muito próximo, e eu chegaria até a sugerir que, SE NÃO FOSSE POR NOSSO EGO E POR NOSSA PREOCUPAÇÃO EM SERMOS DIFERENTES, OS ANTROPÓIDES AFRICANOS SERIAM INCLUÍDOS EM NOSSA FAMÍLIA, A DOS HOMÍNIDAS. Temos que entender que em algum momento do passado, partilhamos com eles de um ancestral comum sem sombra de qualquer dúvida.

Após tantos anos de pesquisa, vemos que hoje a humanidade passa por uma evolução tecnológica sem precedentes, chegando no limite máximo da destruição do seu próprio e único habitat. Cabe uma observação quando enxergamos que a maioria das espécies em nosso planeta vive através de uma simbiose muito bem planejada havendo uma interação entre animais, vegetais e minerais, demonstrando uma interdependência formadora deste planeta. Dentro desta linha de observação encontramos poucas espécies que para viver destrói, corroi, tudo por onde passa, sugando todo o tipo de reserva a longo prazo. Podemos citar os gafanhotos, certos tipos de fungos e o homem. Portanto são espécies que mesmo tendo milhões de anos de vivência nesta estrela, não conseguiu encontrar uma compatibilidade para produzir um relacionamento simbiótico para todas as suas gerações. Seríamos nós os extra-terrestres?Talvez sim. Pela face de pavor que encontramos nas focas vendo suas crias sendo mortas a pauladas para um comércio insano de peles no Pólo Sul, dos ursos polares agoniados pela falta de comida e pelo calor produzido pelo aquecimento global que está derretendo o seu habitat, na persequição escandalosa das baleias, nas porretadas certeiras nas nucas dos chinchilas que ainda tremendo com vida são escarnados,no choro e agonia dos bois em dia de matadouro, na horripilante e dantesca ação ao se sangrar cavalos que se debatem dependurados até a morte para uma melhor qualidade da carne, na manutenção de ursos pardos em cativeiros numa só posicão (de costas) o resto da vida sem poder se levantar com uma cânula em suas vesículas para extração de bilis provocando fortes dores, contínuas até a sua morte ( sofrimento em torno de 6 anos), nas bombas lançadas ao mar nas pescas predatórias, no lixo atômico depositado estupidamente no fundo do mar, no estupro contínuo de nossas matas, na contaminação dos mananciais de agua doce, de nosso ar , da destruição da camada de ozônio e num "gran finale" digno de patologias irrecuperáveis, a perfeita obra de arte...o efeito estufa. . Com muito carinho e objetividade observemos como deve ser horrível para os animais que habitam as grandes florestas ao verem o seu ambiente destruído pelo fogo ou pelos barulhos agressivos, incisivos, cruentos, irritantes das grandes moto-serras, numa perseguição metódica , implacável, destes medonhos estranhos invasores a tudo que se apresenta em suas rotas. A irracionalidade, as futilidades, chegaram a tal ponto que nem os avisos por mais sensíveis e diretos estão conseguindo unir esta estúpida raça humana que tem de tudo: Deus, dinheiro, pobreza, guerra, bonança, tecnologia, menos... consciência. Não podemos esperar nada dos governos nem das religiões. As pessoas que entenderem o momento crítico atual, têm que começar a agir, pois o limite se apresentou. Cada um deve sentir estruturalmente que todo manancial tem de ser defendido como a própria casa, a própria família, etc,etc,etc. O plantio de árvores tem que ser coletivo e urgente, principalmente para se tentar quebrar, se ainda for possível, a cadeia de emissões de carbono, pelo menos na área em que cada um vive. Acabou o tempo das puerís ações em que arrumávamos as nossas casas e as protegíamos, como se alí fosse o nosso mundinho. O momento agora indica que se o ser humano observar , absorver, que o mundo depende única e exclusivamente de ações coletivas bem longe deste imperdoável narcisismo doentio, estúpido, que estamos conduzindo o planeta, começaremos então a ver uma luz tênue no fim deste agora perigoso, cansado, instável, túnel.

Alexandre Halfeld
Enviado por Alexandre Halfeld em 17/07/2007
Reeditado em 14/06/2011
Código do texto: T567838
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