A primeira vez
Eu já estava ficando nervoso com a demora. Marcara às 10 da manhã e às 10:05 nada dela. Eu sorri ao imaginar como ela estaria nervosa. Seria nosso primeiro encontro, e pra mulher parece ser sempre mais difícil. Ainda mais pra ela que nunca namorou alguém. Peguei uma pedra achada na areia e joguei na beira do mar. Depois outra, e assim consecutivamente. Até que não tinha mais pedras e comecei a andar pela areia da praia pensando nas fotos dela, em quando conversamos pela primeira vez. Foi exatamente nesse momento que a vi. Corpo bronzeado protegido por uma camisa vermelha, molhada, que deixava exposto seu corpo perfeito. Cabelos negros e longos que o vento levava. Sorri ao vê-la se aproximar e pude admirar de perto aquele sorriso naquele batom vermelho que eu sempre dizia que ficava bem nela. Os pensamentos passaram, e as batidas fortes do coração tomaram conta de mim. Segurei-lhe, pois, as mãos. Coloquei-as entre as minhas, e pude senti-la tremer um pouco enquanto ouvia seu coração também forte. Minha boca secava, e o nervosismo não nos deixou proferir sequer uma palavra. Pus a mão no meu bolso e peguei um papel cuidadosamente dobrado, no qual continha uma poesia. Abrindo o papel comecei a ler o texto que escrevi em frente à casa dela quando, às escondidas, ali ficava à tarde pensando na minha amada.
''E eu aqui sentado
Em minha frente uma janela fechada
Ela, escondida, linda certamente
Prepara-se para dormir.
Eu a quero, ela me quer.
O cheiro dela eu sinto;
Quem dera comigo sonhar
E nos seus sonhos a gente se amar...''
Larguei o papel onde estávamos. Não consegui continuar. Talvez aquele sentimento do texto em nada superasse meu sentimento naquela hora. Nos beijamos. Senti os lábios dela nos meus. Um carinho cativante. O mundo tornou-se nosso. Sensações que variavam entre a leveza da brisa e a força de uma tempestade. Não nos preocupamos com mais nada. Eu e ela sorríamos. Eu e ela felizes. Conhecemos, enfim, o amor.