GAROTA DO CAIS

Virou-lhe as costas e se foi! Tão indiferente! Não viu seus olhos cheios de lágrimas que caíram em terra. Secaram-se! Alguém se deu conta delas?

Ninguém se condoeu por ela ou sentiu a dor imensa que lhe envolveu o coração. Mãos brancas, tão macias e perfumadas, agora vazias acenando para quem se perdeu na multidão e nem percebeu seu gesto! Apenas um adeus e... acabou!

Que pena! Coração em pedaços, acenando o adeus, alma estraçalhada escondida no peito onde, antes, dançava a ilusão ao ritmo do pulsar do sangue correndo pelas artérias, tão célere que se ouvia o seu borbulhar.

Tão simples os amores efêmeros que vivem segundos de prazer e se vão em sua inconstância. Refugiam-se nela! Que sabem eles do amar? Quem dialogou alguma vez com os amores vadios, para entender a sua leviandade? Quem perguntou por que, tão jovem, vende seu corpo por poucos minutos em troca de moedas? Em cada um que chega, ela vê a esperança e pensa: "É ele! Veio para me levar!"

Pobre menina, como tantas outras, sonhando o amor. E o nome? Ah! Que ironia!! Não disse o seu e nem soube o dele. Que importa agora que se foi? Quantos outros virão e a deixarão à beira do cais? Quem é ela que sequer é conhecida pelo seu nome?

Chamam-na de a garota do cais...não tem passado e, se o tem, ninguém o conhece... não tem história... Apensas vive e sonha! Pessoas sempre sonham...! Quem pergunta por eles? Não haverá amanhã em sua vida. Algumas moedas colocadas em suas mãos... seu pão de cada dia! Só para isto são os seus dias!

Naget Cury, Nov. de 2015
Editado em Junho de 2016
Najet Cury
Enviado por Najet Cury em 27/06/2016
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