O TREMA GREGO

O TREMA GREGO

Copiando o poster do quarto

foi embalar sua atitude

no vulgar armazém dos fundos

onde a bebida era barata

e as baratas faziam seus passos

obrigados a dançar

haviam estacas cravadas no teto

desenho de vampiros negros

mascarados

dormindo de barriga cheia

era grotesca

a pitoresca mensagem

trazia pitágoras em meio

aos escrementos no vaso

pelo calculo improvável

do absurdo talento

de ousar acertar tudo

menos o vaso

a cena da lingua do dono

lambendo um bigode

engraxado

num sono agônico mal lembrara

de quanto devia

podia ir embora de graça

tinha mulheres condores iguais

olhando por sobre o mundo

rodeado de vagabundos

e os malandros de sempre

acomodados parecendo principes

na jaula do caderno aberto

em cima do balcão

não havia negócio

nem mesmo o ócio

do mandarim aleijado

oferecia vantagens antes de sair

tramavam qual delas cairia

no conto da noite folheado

a níquel no bilhar imundo

riscado privado de tampo

adequado latente sem fundo

as caçapas tinhas ranhos de bebida

dissolvida depois de pronta

absorvida embalada

boquiaberta forçada a sair

consumida

eram tacos seis da manhã partidos

nenhum grito do que escorre avulso

sem destino na saída

primeiro raio de sol no vidro

era a policia ocilando sirenes

e os lemes de quem nada

vinha fazer no lugar errado

caíram na água

estavam todos perdidos

ninguém sabia nadar

se debatiam nas mesas

suas almas podiam correr

mas nenhum deles saiu dali...

MÚSICA DE LEITURA: BAD LIQUID POUND - Apocalyptic