Constrangimento


Tenho ouvido noticiários, lido os jornais. Estou a par dos acontecimentos que envolvem o ex- ministro (graças de Deus) do Planejamento; as prisões do mesmo, a gritaria de Gleisi Hoffmann.

Seus acessos no plenário e sua quase canonização. Tenho ouvido todas as vozes de solidariedade a essa senhora tão digna, esposo desse senhor tão honrado. Merecem-se mesmo.

Tenho ouvido a nossa “oposição” que jura que é oposição manifestar solidariedade a Gleisi pela prisão do marido, injustamente preso, barulhentamente preso. Tenho muita dó, e como dói essa dó.

Ouvi e ouço as críticas contra o juiz que mandou efetuar a prisão aos delegados e policiais que efetuaram a prisão, a midiatização do caso. Que horror, pobrezinha! Judiação! Tanto sofrimento! É injusto! A espiritualidade fará justiça, diz ela! E como fará, Gleisi!

Falsos, ordinários! Além de pagar o empréstimo ainda somos roubados na cara dura. Qual a voz que se solidarizou com os roubados, os assaltados, os logrados na sua ignorância, os enganados! Nenhuma!

Ouvi todas as manifestações em favor de Gleisi, todas. Ouvi seu discurso indignado no Plenário do senado ( quase chorei e lhe mandei o resto do meu holerite de aposentada e de meu esposo que paga um compulsório). Ouvi-a se lamentar do constrangimento que a prisão do marido causou aos seus filhos.

Ela não ficou constrangida quando pegou dinheiro para a campanha eleitoral, e condenada a devolver 1,1 milhão, quando seu marido aceitou (?) dinheiro dos aposentados e servidores públicos que nem aumento terão tão cedo.

Será que ela se lembrou que quem constrangeu seus filhos, não foi a polícia federal quando entrou no seu apartamento, mas sim a propina que ela colocou lá dentro pelas próprias mãos?

Mas nenhuma voz se levantou para falar do constrangimento dos milhares de aposentados roubados, dos funcionários públicos roubados já em folha, diretamente. Na boca do caixa. Nada.

Nenhuma solidariedade aos aposentados que doentes procuram os hospitais e ali morrem sem atendimento, e os que sobrevivem estão em filas de espera. Solidarizar-se com pobres? Eles só servem para votar neles.

Nenhuma solidariedade aos familiares de viciados em drogas favorecidas pela corrupção, pelas crianças de sentem frio , pelos  que morrem de frio nas ruas e ainda tem seus cobertores, doados, roubados pela prefeitura. Isso é motivo de constrangimento. Polícia que vai prender bandido não constrange ninguém, não! Por isso foram aplaudidos. A polícia só constrange bandidos, porque não querem pagar o preço do erro.

Nenhuma solidariedade com os policiais que morrem em combate com bandidos super armados que vão aos morros com suas armas praticamente sem munição porque o dinheiro foi roubado na boca do caixa, não é nem mais saidinha de banco e roubo no contra cheque, direto na fonte. Na conta dos trouxas que ainda se dão ao luxo de sair às ruas defendendo-os.

Nenhuma solidariedade ouvimos dos senadores quanto ao rombo que a lei Rouanet provocou aos cofres do Brasil que ajudou a levar o Brasil ao fundo do poço. O dinheiro do Ministério da Cultura, (a cultura do roubo, do descalabro, da falta de vergonha na cara), que o novo governo queria fechar e os “grandes artistas” botaram a boca no mundo. Nem tudo fica encoberto para sempre, não é Letícia Sabatela, Chico, Caetano...Vi uma foto de vocês rindo de orelha a orelha...dos trouxas.

Nosso imposto financiou (?) até festa de casamento de ricaços com cantor sertanejo – da nossa incultura- superpago e nenhum real para a saúde, o feijão foi pra Cuba, os juros foram pras nuvens, e milhões de trabalhadores foram pra ruas... pobres! Não há solidariedade com o povo! Só há covardia e interesse pessoal e corporativo.

Pena que não apodrecerão na cadeia, pois os juízes do Brasil do STF são incansáveis em dar indultos à bandidos.

Juiz Moro e outros juízes também decentes estão fazendo sua parte. Mas o STF... Nem chorar dá vontade. É gastar lágrima atoa. Não é atoa que vestem aquela toga preta enorme nos ombros. Representam a morte da justiça a esvoaçar sobre todos buscando bodes expiatórios para colocar atrás das grades, peixes miúdos pois, os graúdos continuam livres, leves e soltos...
 
MVA
Enviado por MVA em 29/06/2016
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