ODE AO FUMO
ODE AO FUMO
O pigarro pinga um sarro
doente inclusive que vive
me dizendo sobre aparências
quando o escarro se habilita
no trânsito da avenida
e a ciência me avisando
da essência vertendo lágrimas
não podendo nada me dizer
sobre o amanhã
num espaço reservado
que somente eu posso me sentar
e ficar sonhando
é que o fumo traz um cigarro
aceso pedindo um minuto
refletindo sobre o nada
e as certezas do refluxo
ainda que tenha um "filtro"
são indelicadas
viram fumaça saindo de mim
expondo meu corpo n'outros
sem pedir licença
e a crença absoluta
que minha conduta é um charme
quase provoca a mitologia
dos incensos baratos
das conversas de poste
na esquina dos bares
junto as garrafas marcas
registradas do indulto aprovado
de fumar
lamentando que vai parar
no trocadilho inquieto
dedilhado das pontas finalizando
prevendo outro maço dissolvido
logo em seguida
fica pleno e convicto
de que mais uma vez
não será tão indecente consigo
que cisma antagônica
sinfonia de flautas desconcertantes
nunca tocam afinadas
e aqueles crivos de gosto amargo
tão "finos" talvez seja por isso
que tocamos hinos
que ninguém ouve
dentro de um táxi sem o destino
que seria nossa casa
com o odor clássico do sovaco
expelindo o medo
pelo delírio acionado.
MÚSICA DE LEITURA : BILLIE HOLIDAY - Body in soul