O MALGRADO
O MALGRADO
É verdade foi por querer sofrer
que fiz uma homenagem póstuma
é como disseste sobre o desapego
não nego nada mas me ofereço
pra ser alguém que possa
dizer alguma coisa que valia
reli uma escrita delicada
pelas letras de aguda forma
quase ultrapassando as folhas
de papeis amassados
querendo gravar na tábua
velha da escrivaninha
sulcando o sufoco de mostrar
o quanto tinha me amado
as coisas repetidas pouco interessavam
sendo do amor carente são tão sofridas
permitem "retocar a maquiagem"
exaspero de avidez polida
por conhecer o sentimento disposto
torno-me ouvinte das paredes
"e elas estão limpas"
sou banido do meu altar alegre
ela me segue agora por sombra
conta meus segredos de remorço
absortados cumplices me ignoram
submergem exaltados sentidos
eu corro pelo edificio todo
não consigo fechar porta nenhuma
eles querem a felicidade plantada
onde estão as coisas feitas pra comer
tudo mente na razão cega
o apelido que damos é tolo invasivo
lascivo corriqueiro desprotegido
do valor que tinha
ainda restava sentimentos
escondidos
eu temia ler o que estava escrito
joguei fora
decidi ficar sobre o tampo debruçado
é tarde muito tarde agora...
MÚSICA DE LEITURA: Ten Years After - Id love to change the world