O MALGRADO

O MALGRADO

É verdade foi por querer sofrer

que fiz uma homenagem póstuma

é como disseste sobre o desapego

não nego nada mas me ofereço

pra ser alguém que possa

dizer alguma coisa que valia

reli uma escrita delicada

pelas letras de aguda forma

quase ultrapassando as folhas

de papeis amassados

querendo gravar na tábua

velha da escrivaninha

sulcando o sufoco de mostrar

o quanto tinha me amado

as coisas repetidas pouco interessavam

sendo do amor carente são tão sofridas

permitem "retocar a maquiagem"

exaspero de avidez polida

por conhecer o sentimento disposto

torno-me ouvinte das paredes

"e elas estão limpas"

sou banido do meu altar alegre

ela me segue agora por sombra

conta meus segredos de remorço

absortados cumplices me ignoram

submergem exaltados sentidos

eu corro pelo edificio todo

não consigo fechar porta nenhuma

eles querem a felicidade plantada

onde estão as coisas feitas pra comer

tudo mente na razão cega

o apelido que damos é tolo invasivo

lascivo corriqueiro desprotegido

do valor que tinha

ainda restava sentimentos

escondidos

eu temia ler o que estava escrito

joguei fora

decidi ficar sobre o tampo debruçado

é tarde muito tarde agora...

MÚSICA DE LEITURA: Ten Years After - Id love to change the world

João Marcelo Pacheco
Enviado por João Marcelo Pacheco em 19/07/2016
Código do texto: T5702056
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