SAUDADES

Oh que surpresa agradabilíssima eu tive ao ler “Uma carta ao amor da minha vida” do jovem poeta Nuno Carvalho, residente no Porto em Portugal. São reações desse tipo que faz com que eu seja tão apaixonado com o poder da escrita, diante dela o passado e o futuro se tornam tão vivos e tão reais, como se fôssemos transportados para o presente, vivendo de fato a realidade. Essa carta foi na minha opinião, talvez a mais pura e verdadeira declaração de amor que eu já tenha lido. Na medida que eu ia lendo a carta, quebrantava-me o coração e surpreso fiquei ao constatar que tamanho amor era do autor em relação a sua avó. Fiquei impactado por tamanha nostalgia que invadia o meu ser e não foi possível evitar o choro e me derramei em lágrimas, relembrando o pouco tempo que tive de convivência com minha avó paterna.

As minhas lembranças me transportaram para o ano de 1980, quando tive a oportunidade de conhecê-la, todos a chamavam de forma carinhosa de Vó Moça. Só tive a oportunidade de relacionar-se com ela durante dois anos. Nessa oportunidade eu morava em Coronel Fabriciano em Minas Gerais e minha vó residia em Medeiros Netos na Bahia. Aproveitei minhas férias de escola e tive a benção de conhece-la.

Tem pessoas que são verdadeiros anjos aqui na terra e têm a missão de servir, ajudar, amparar os mais necessitados de carinho, atenção, amor, respeito e minha vó era uma dessas pessoas. Oh que pessoa amável, em todos os momentos sempre receptiva, atenciosa e sempre esmerando em fazer o seu melhor pra agradar seu semelhante.

Lembro-me como se fosse agora, quando saíamos e ela cismava que estávamos tardios, vinha para o banquinho em frente à sua casa, sob uma castanheira e ali ficava pacientemente observando a ladeira com o intuito de avistar-nos. Oh como era divertido, nesse mundo onde carecemos de bons ouvintes, ela sempre estava ali pronto a ouvir-nos, como eu me sentia importante, valoroso, quando estava em sua companhia. Ela tinha o maior orgulho do seu neto, toda pessoa que adentrava naquela casa, fazia questão que eu fosse apresentado para os visitantes, via nessa atitude uma forma dela honrar-me demonstrando afeto e consideração. Ao anoitecer quando eu me preparava pra repousar, ela sempre estava presente pra dar sua benção e fazer sua averiguação pra saber se eu estava totalmente agasalhado. Sem falar no seu tempero que era inigualável, cozinhava maravilhosamente bem e eu ficava empanturrado de tanta guloseima que ela fazia, justamente com o propósito de agradar-me. Como eram bons os momentos que eu passava com minha avó em sua casa. Durante o ano, eu ficava contando os dias e ansioso ficava pra chegar as férias tão sonhadas para encontrar-se novamente com ela. O dia ficou sem graça, sem o seu resplendor, esvaecido fiquei quando soube da notícia do seu falecimento, me derramei em lágrimas de tanta melancolia. Tive pouco tempo de convivência com a Vó Moça, mas foram suficientes pra eternizá-la em meu coração. Vó Moça Oxalá um dia encontremos no paraíso.

Simplesmente Gilson
Enviado por Simplesmente Gilson em 19/07/2016
Reeditado em 19/07/2016
Código do texto: T5702389
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