"Crônica de uma ex-nunca-jornalista frustrada"

Eu sempre fui uma mulher de teses complicadas, e ainda con-

tinuo a chocar os outros com o meu debochado pensamento de que -

contrariar a vida e reinventá-la ainda continua sendo a melhor saída -

para nos libertarmos dos nossos fantasminhas.

Ainda dou voltas no conservadorismo imposto pelos meus pais,

mas também burlo suas leis, da mesma forma que adoro quebrar uma -

regra quando ela me incomoda. É errado? Sim, eu sei que é, mas o pra-

zer que sinto é inigualável. Afinal, não nos deitamos na cama todos os

dias apenas para dormir, não é?

Meu ofício, às vezes, torna-se uma enorme cruz, pois tenho -

que pregar muitas coisas das quais sou contra, mas para favorecer a

aquisição de conhecimento, eu topo qualquer coisa.

Lembro-me de um professor que tive no colégio, coitado, se ele

me visse hoje, com certeza teria vergonha de si mesmo. Certa vez,

num bate boca, ele revelou o quanto amava a minha nobre pessoa e

disse: "se algum jornal a contratar falirá em um mês, você é muito bur-

ra!". Eu rí na cara dele, mas aquilo fez com que eu fechasse os pu-

nhos, só não desci o braço porque naquela época eu não tinha o Eca e

nem a LDB para me defender, refleti , aceitei a advertência e ainda de

sobra levei uma baita surra do meu pai. Além de ter apanhado, acabei

por jogar o sonho de ser jornalista na lata do lixo.

Acabei falando neste meu professor, embora eu ainda tenha -

vontade de arrebentá-lo, mas a idéia era apenas ressaltar o quanto -

é valioso ter um condutor competente. Se não fosse ele, quem sabe -

hoje eu não estaria exilada? Ainda vivemos uma ditadura, implícita, ou

equivoco-me?

Hoje eu preferiria estar exilada, mas se fosse para lá de fora -

gritar tudo o que penso sobre os homens daqui de dentro. São tão -

incompetentes que nem para manter um relacionamento extra conjulgal

prestam, referindo-me ao tal Renam (que homem feio, valha-me Deus).

Ontem, resolvi rever alguns amigos virtuais na sala de política, e

pasmem: era um amontoado de mensagens agressivas e sem nenhum

tipo de fundamento: Lula é o culpado, não! Lula é o culpado, sim!.Con-

trariando mais uma vez, copiei um texto erótico e lancei pra sala, no -

final acabei parodiando a Marta: "Relaxa e goza".

Talvez meu professorzinho tenha realmente razão: eu não seria

uma boa jornalista (ou seria? eu não acho tão ruim assim, até que sou

parecida com a ...., deixa pra lá). O importante é que ainda continuo

martelando minha filosofia e não abrindo mão de meus pensamentos,

sendo eles bons ou não, mas são meus!

Abraços à todos...

Em resposta as muitas merdas que ando lendo sobre o acidente ocorrido em São Paulo, e lembrando que tanto neste como nos outros... o tumúlto foi o mesmo... e nem preciso comentar qual

será o fim deste.

Silêncio às vítimas. Pêsames aos parentes das vítimas . E sorte aos

que ficaram à mercê deste país.