Cariocando - Cantada de baile

Saudações meus amigos. Dando continuidade a coletânea que criei, segue o texto abaixo. Acho que vou criar um e-book reunindo essas histórias em um único volume, assim acho que fica mais fácil para as pessoas lerem. O que acha da ideia?

* * *

Em uma matinée de um clube social das noites cariocas, dois amigos, mais preocupados com a 'caça' do que propriamente com o baile, batem papo:

- Não sei o que aconteceu, só sei que os olhos delas me hipnotizaram, de tal forma que não tive forças pra desviar o meu pra outra direção.

- Pô, você esta apaixonado?

- Hah! Nem pagando. Só achei-a gatíssima demais.

- Sério? Ela é alta, magrela e...sei lá, tem cara que não beija bem.

- Como assim: 'tem cara que não beija bem'? Você já beijou-a, por acaso?

- Claro que não. Nunca vi mais gorda.

- Ô, vê lá como fala do meu 'pessoal'

- Mas já é seu pessoal?

- Questão de tempo.

- Tipo: ...20 anos depois...?

- Não, não, daqui a 20 anos estarei em minha mansão em Dubai, cercado por mais de 50 concubinas virgens e vivendo dos rendimentos que a minha invenção mundial ira proporcionar.

- Tá doido?

- Meu amigo, o nome disso é 'pla-ne-ja-men-to'.

- Não sabia que 'loucura' tinha recebido outro nome.

- Preciso como um relógio suiço.

- Agora você tambem é relojoeiro?

- Cara, a sua incredulidade é impressionante.

- Sou um fatalista, isso sim.

- Bom, o fato agora é, eu saindo com aquela gata.

- E como pretende fazer isso? Telepatia?

- Esquece, você esta me distraindo, preciso me preparar pra abordagem.

- Então é melhor se apressar.

- Por que?

- Do jeito que ela esta, qualquer um leva.

- O que te leva a pensar isso dela?

- Ué, o olhar desesperado em todas as direções e, tive a impressão que ela passou a língua nos lábios pra mim umas duas vezes.

- Não sabia que você traçava perfis psicológicos? Mais alguma habilidade que eu desconheça?

- Dentre outras cousas, sei que você vai dançar nessa.

- Tá maluco? Tá na cara que ela só tem olhos pra mim.

- Você quem sabe. Só digo pra se apressar.

- Pô, mas o que eu digo?

- "Na sua casa ou na minha?".

- Para de palhaçada, não esta me ajudando em nada.

- Véi.

- Que foi.

- Tem cousa estranha.

- O que?

- Ela deu uma golada e acho que vi algo.

- Fala logo, pô.

- Ela tem gogó.

- Hã?

- 'Gogó', pomo-de-Adão.

- Eu sei o que é gogó. Mas como você sabe?

- Quando ela bebeu deu pra ver daqui.

- Tá maluco, nessa distância...

- Foi por isso que me assustei...tem outra cousa.

- Fala.

- Já reparou que ela tá a noite toda sozinha?

- Detalhes irrelevantes. Tá na cara que ela me espera.

- Tu bebeu muito?

- Só o suficiente.

- Vamos acabar logo com essa agonia, vai logo e resolve a parada, tô quase indo embora.

- Me espera.

- Pra que?

- Se eu não conseguir nada, não vou embora sozinho.

- Ué, desde quando virei opção de companhia.

- Estou contigo mais do que com qualquer outra, opção natural.

- Isso me deixou triste. A que ponto cheguei...ih, já era.

- que foi?

- Olha lá. O malandro chegou na sua frente.

- Não esquenta, veja só.

- Ta maluco? Fazendo sinal pra ela?

- Tu vai ver se ela não dispensa o cara.

- Sei não, entrar em confusão a essa altura do campeonato...seria o desfecho ideal pra essa noite.

- Olha lá...já dispensou.

- Parece que o cara que se mandou.

- A ordem dos fatores não alteram o produto. Não importa, é a minha deixa.

- Manda ver, garanhão.

- Hehehehe! Eu sei que sou.

- (Meu Deus, nem percebe o sarcasmo)!

- O que?

- Nada, nada, manda ver.

- Oi amor, tudo bem, qual seu nomezinho?

- ...

- ...

- Ué, já?

- Vambora.

- Caramba, não acredito, demorou mais pra se preparar do que levar o fora. Mas conseguiu ao menos o nome?

- Sim.

- E...?

- Prefiro não comentar.

- Fala sério, a mina te dispensou?

- Mais ou menos.

- Como assim?

- Vamos embora, esquece.

- Não peraí, vou lá falar com ela. Não é possível, esperei a noite toda, não dá pra ir embora assim.

- Vem cá, hei, deixa pra lá.

...

- Escuta aqui, moça, não sei o que você pretendia, mas não podia ficar a noite toda dando esperança pro meu amigo e depois dispensá-lo assim.

- ...

Alguns minutos depois.

- Eu te pedi pra não ir lá.

- Tudo bem, eu entendo.

- Por favor, prometa que não vai dizer a ninguem.

- Pode deixar, vai ficar só entre nós.

- Valeu amigo.

- Vai ficar só entre eu, você e 'Armandinho', hahahahahahahahaha!

- Traveco safado.