5 MATUTANDO

5 MATUTANDO a sombra do coqueiral.

Em geral, as pessoas ressaltam o lado negativo dos outros. É mais fácil e menos comprometedor. Dizer que alguém é mau, ruim,....não compromete. Dizer que alguém é amável, agradável....implica em comprometer-se de alguma maneira. Como se tivesse que se amarrar para sempre a pessoa e a afirmação. E se essa pessoa deixar de ser tudo isso? Deixar de ser boa, por exemplo? Assim, se alguém que não tenha sido elogiado, por não ser bom, tornar-se uma pessoa boa, é mais seguro dizer: “que bom!” Sem nenhum compromisso.

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Fazer umas comprinhas nem sempre significa comprar pouca coisa, nem umas coisinhas

apenas. Porém essa interpretação só pode ser feita conhecendo-se quem faz a afirmação. Se for uma “dona-de-casa”, num supermercado, pode até ser que ela irá comprar algumas coisas que estavam faltando naquele momento. Se for um socialite (acho que nem se usa mais esse termo horrível para uma mulher rica e fútil) pode até ser que esteja comprando pouca coisa;coisas pequenas, porém muito caras e,geralmente, inúteis para a maioria dos mortais. Ex: um livro do Paulo Coelho,um DVD do Latino (socialites adoram o Latino, não sei por quê!)mais um par de sapatos e mais um par de óculos escuros e outras coisinhas. Se for homem, ciberexecutivo, semi-jovem ( ou semi-velho, se quiser) só faz comprinhas em sites de e-comerce. As comprinhas podem ser de coisas caras; as palavras nem sempre tem o mesmo significado. Quando aquele figurão de bigodinho patotero fez seu discurso na abertura do Pan e disse “hoy” ( que todo mundo sabe que é “hoje” em espanhol) o Maracanã respondeu: Oi! O coitado não entendeu nada.

Falando em Pan Rio 2007, que a turma federal do PT e a Rede Globo insistem em chamar de Pan do Brasil; errado e proposital. Errado porque essa olimpíada das Américas é realização de uma cidade e não de um país, como as outras olimpíada e jogos olímpicos também são. O Pan desse ano de 2007 é do Rio de Janeiro, que fica no Brasil, é claro. E proposital por questões políticas partidárias que ardem mais que a pira olímpica pan-americana. Mas quem se importa com isso? São sutilezas irrelevantes que a torcida e a audiência e os atletas não percebem. Pois esse Pan, como todos os outros, é, na verdade, dos EEUU e de Cuba pela quantidade de medalhas que seus atletas sempre conquistam.

Mais um cubano abandona sua delegação numa competição esportiva fora de Cuba. É assim mesmo; cubanos fogem de Cuba e abandonam suas delegações a mais de 50 anos sempre que podem. As razões são muitas e as mais diversas. Algumas eram armações da propaganda política; foi durante a guerra fria da esquerda contra (e vice-versa) à direita mundo a fora. Uma dessas fugas acompanhei de perto com minha credencial carimbada no Comitê de Imprensa da Universíade 61; uma olimpíada de atletas universitários que acontecia nos países socialistas e comunistas da época. Era o ano de l961 e o Brasil que não era nem socialista nem comunista realizou esse evento esportivo no Governo do maluco do Jânio Quadros, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul governado por Leonel Brizola. Tudo a ver. Eu, jovem e iniciante repórter do Correio do Povo e da Rádio Guaíba (entre milhares de outros que se atropelavam pelas quadras e pelas pistas e pelas piscinas e, principalmente, entre as delegações na Vila Olímpica, que hoje é a PUC, em Porto Alegre) cobria a ginástica olímpica feminina. E me apaixonei por um ginasta da delegação cubana. Dela ganhei muitas lembranças e até pouco tempo guardava junto a minha Credencia de Imprensa, um “botom” onde um braço empunhava um fuzil cercado pela frase: “Cuba território libre de las Américas”. Naquela ocasião era um atleta e uma atleta também apaixonados e também um brasileiro e uma cubana. Era uma farça armada pela CIA e pela Associated Press, por um jornalista que não digo o nome pois já morreu. Na época, pelas circunstâncias e pelo momento político, a história teve lances de cinema, como se dizia, com avião retido no aeroporto, fotos sensacionais,reportagens exclusivas e muita gente contra e a favor da fuga.Hoje, a fuga desse atleta cubano, foi notícia apenas por algumas horas. Que fuga mais sem graça!

Essa história da Ministra da Fazenda da Argentina deixar US$ 250.000 (ela diz que é só US$ 31.000 e um promotor abre inquérito sobre US$ 64.000) no banheiro do escritório por que não teve tempo de depositá-lo num banco é muito esquisita. “Um dia antes, eu não pude fazer o depósito, e deixei o dinheiro lá,” disse simplesmente. Porém ao renunciar disse: “me voy porque no lê puedo hacer dano a um Presidente que confio em mi.” Essa atitude da ex-ministra acabou com a crise que se esboçava no Governo Argentino; ela agora responderá na justiça argentina como cidadã comum, porque para o procurador Guillermo Marijuan, “no está clara ni su procedência ni su destino”, referindo-se ao dinheiro encontrado. Um novo Ministro foi nomeado e tomando posse já anunciou um investimento de US$ 100 milhões de dólares no país. A corrupção, se for provada, existe e sempre existirá em todos os governos. Porém, CPISs, conversa mole, lenga-lenga, empurra-empurra, e muito terê-tê-tê, “é coisa nossa”!

Existem coisas e situações que hoje fazem tanto mal a saúde que algumas delas até matam. No Tempo de meu avô cigarro não dava câncer; afetava os pulmões, certamente, mas ninguém que se saiba morria por pitar sonolentamente. No tempo de meu pai açúcar não matava como hoje. Era só adoçante e o principal ingrediente das caldas enjoativas que minha mãe derramava por cima do doce de abóbora. Eu já posso ser testemunha dessas épocas pois comecei meus dias naquela e os estou terminando cercado de coisas proibidas e mortais, por todos os lados. Agora mesmo médicos pesquisadores no Rio Grande do Sul descobriram que o frio provoca (e aumenta) o infarto. Pesquisaram e descobriram que no inverno há 30% a mais de gente morrendo com o coração parando. Caramba, o frio sempre existiu no inverno gaúcho e ninguém sabia disso. O frio era só uma época de grande produção cultural, de bons filmes, de importantes peças de teatro, de exposições de arte e, na década de 30/50 das temporadas líricas no Teatro São Pedro. Eram as companhias européias que começavam a turnê sul americana por Buenos Aires. Tudo isso servia apenas para aquecer os nossos corações..

As vaias que o Presidente Lula recebeu no Maracanã na abertura do Pan já é assunto superado pelos dias que já se passaram e pelo conteúdo de sua declaração no “day after”. O governador do Paraná, Roberto Requião, achou que as vais prejudicaram a imagem do Brasil no exterior. Menos, Governador. Menos! Ninguém ligou para elas. As vaias são uma manifestação legitima e de linguagem internacional que pessoas publicas, notórias ou por algum motivo expostas a um publico, seja ele do tamanho que for, estará sempre sujeito. Vaiar não é feito, nem pecado. Pode até não ser lá uma manifestação muito elegante, mas é legitima expressão de sentimentos. Em geral de descontentamento. O efeito da vai só atinge o vaiado (!); é constrangedor e chateia. E só isso. Foi o que disse claramente o Presidente Lula, no dia seguinte, bem cedinho.

Enquanto isso: muita conversa fiada. Muita sem-vergonhice oficial, muita incompetência de mãos dadas com gestores públicos. Muito não fui eu, não sei, tenham “serenidade”,Assembléias e Câmaras em recesso(!?) e...tragédias.

CESAR CABRAL
Enviado por CESAR CABRAL em 19/07/2007
Código do texto: T570755
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