Sai pra rua

Sai pra rua! Já era tempo, sol geladinho, folhas amarelas caindo pondo fim a viva existência para rolar em liberdade pelo chão e sentirem por fim o crack maldito que as espatifa para sempre, tirando sua forma de folha para então ser farelo.

Triste realidade, diferente da minha. Que agora corria depressa, mas muito mais de alegria. A vida era engraçada não. O tempo está sempre reservado para as mais diversas situações que dançam, entrelaçando os bons e maus momentos, assim como num grande baile dançam juntos Lizzie e Darcy. Não estão coladinhos, sem afastados demais, porém compartilham os passos pré-estabelecidos, que já foram dançados, por vezes e mais vezes.

Uma mulher se assusta. Segurando uma grande sacola de compras, provavelmente indo para casa, ela diante do som dos meus fortes passos dentro da corridinha, se assusta por pensar que eles de um individuo qualquer que diante do crime que pode ser contra ela ou não, corre. Bobagem foi só a surpreendente surpresa com a minha alegria que me fazia correr. Poxa, mas aquilo acabou comigo.

E foi-se, como a água que escorre por entre os dedos quando a criança lava a mão, a minha audaz alegria. Ninguém a tinha visto se não eu mesma, não tiveram a oportunidade. Aquela sensação que provoquei no outro, destruiu-lhe. Por que fim um mal a aquela senhora. Assustei-lhe, assustei-lhe! Também não pude voltar para desculpar-me.

Quando percebi, a angustia tinha dado mais força ainda aos meus pés e em meio aos devaneios da frustração levei-me longe. É incrível como a mente e o corpo podem trabalhar tão juntos e tão distintos quando se decidem por fazê-lo. Então agora nem sequer tinha a tênue ideia do que estava bem fazendo. É engraçado não

Pois bem, minha prudência disse ao meu corpo voltar para casa, pois lá os planos seriam restabelecidos aos neurônios e tudo ficaria bem, conforme deveria sê-lo. Os joelhos dobravam e as pernas se mexiam numa certa direção, a de casa. Que para todos é muito natural. Veja as pombas, eis ai a sua principal especialidade, fora fugir de maldosas criancinhas, elas sempre voltam para casa, custe o que custar.

Quando voltei. Lembrei. Foi assim automaticamente, pá-pum, vapit-vupit. Claramente, simplesmente. Voltei ao plano, fui a caminhar, agora sem correr nem machucar. Sem tristeza nem alegria, na segura monotonia da neutralidade. Nem oito nem oitenta. Quase que num nada sem igual.

LizaBennet
Enviado por LizaBennet em 29/07/2016
Reeditado em 18/08/2016
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