O médico que julgou um ASSASSINO

Variação pode ser o sinônimo de uma sociedade, como a brasileira, que, desde a sua “descoberta”, está em constante evolução (em muitos aspectos, regressão mesmo) linguística. Todos nós estamos em grupos sociais distintos. Ninguém fala igual ao outro. Se fosse assim, a maioria dos sulistas estariam extremamente errados com os seus sotaques com a forte marcação do "R", fenômeno conhecido como retroflexo (bastante usado, inclusive, pelo próprio médico acusado de debochar de um paciente).

Minha gente, ele não fala errado. Ele é graduado em medicina. O fato é que esses “erros” só existem nas gramáticas estanques e descontextualizadas com o social, histórico e cultural e todos falarão errado em qualquer país enquanto essas ideologias persistirem.

Mas quem é Édrian Santos para repreender um médico dessa forma? Eu não sou ninguém mesmo. Deixo isso a cargo dos meus queridos Koch, Bagno, Fiorin, Marcuschi, etc. Caso esses “erros” existam, pelo histórico do Brasil e de Portugal, creio que a Língua Portuguesa não é o nosso tão almejado sinônimo de nacionalismo, como muitos dizem (fomos colônia de uma das nações mais corruptas do mundo).

Na teoria de quem não crê nos vários dialetos e idialetos, o único sinônimo linguístico de ascensão do Brasil através da língua seria o tupi. Olhe lá! Porque até mesmo dentro das culturas indígenas brasileiras, poucas que persistem até hoje, não falta diferenciação na fala e/ou outros mecanismos de comunicação usados pelos nativos.

Ah! Alguém aqui vai questionar Camões quando ele escreveu em Os Lusíadas "ingrês", "frauta" e "pruma" em vez de inglês, flauta e pluma? Diacronismo. Expressão que resume bem a evolução das línguas e é essencial para entendermos que não somos ninguém para sentenciar alguém como assassino. Ainda mais da Língua Portuguesa, né?