Ao meu amor

A professora invade a sala. A aula deve começar agora. Todos os alunos saúdam a professora num gesto mais que pitoresco. Os livros se abrem e a professora inicia então seu trabalho. Já estamos no fim da tarde. O cansaço surge nos olhos de cada um à medida em que os últimos raios de sol teimam em desaparecer no horizonte que avisto pela janela. Nossa mestra demonstra exaustão. Os alunos já nem conseguem conversar entre si (aquelas conversas paralelas que todo professor repudia).

A aula prossegue diante do tédio. Os alunos assistem à aula em um ato quase que forçado. Imagino o que eles devem estar pensando. Certamente querem ir embora. Alguns precisam nitidamente de um descanso.

De repente algo me chama a atenção. No fundo da sala avisto uma garota. Mas não é qualquer garota. Vejo algo de especial. Ela me olha timidamente, disfarçando o olhar. Talvez esteja se sentindo constrangida com tal ocorrido. Quase sem querer ela me deixar escapar um sorriso. É puro! Repleto por uma ingenuidade incomum.

Olho fixamente para ela em um ato totalmente indiscreto. Não posso me sentir tímido diante de tanta beleza. Penso em me aproximar, mas acho melhor não. Tenho medo de sua reação. Não quero estragar esse momento.

Eu a quero do meu lado. Quero roubar este sorriso pra mim. Quero vê-la nos olhos e sentir de perto toda ternura que seu rosto me expressa. Quero tê-la para sempre em meus braços.

No entanto, algo me vem à cabeça. Ela sempre esteve ali. Durante todo o ano. Sempre com o mesmo sorriso, o mesmo olhar e todos os demais predicados. Porém, em minha incrível falta de percepção, perdi a oportunidade de vê-la por diversas vezes. Se esta mulher não for minha, terei sido eu o culpado.