TALVEZ
TALVEZ
É fácil ser a mediocre da ocasião
caio diferente de todas
nem todas querendo minha presença
talvez eu possa ter meu silêncio predileto
deixar qualquer lugar sem herança
seja um motivo nobre
é pobre quem pensa por riqueza
iluminar a beleza da simplicidade
que por vezes fascina
somente por estar ali
as faces mudas reinantes
fragrâncias duplicadas
peles indomáveis sendo mais livres
do que realmente existem
são loucuras vacinadas pela mesmice
das formas roubadas
notar a futilidade da estupidez que anda
com pernas amantes
de um charme corriqueiro
seja minha breve pose de sombra
sentada encostada na parede
pedindo pena de aproximação
quando o escuro cria meu retrato
de monstro desiludindo quem vem
e precisa do outro espelho
pra pintar-se
quando venho visitar
o vespeiro das senhoras do acaso
que tem dias certos
pra viver uma liberdade idiota
uma verdade que anota
num calendário quando podem
ser elas mesmas
quanto podem hoje pra viver certas cenas
nunca parece que venho sozinha...
MÚSICA DE LEITURA: Billie Holiday - Stormy Blues