NÓS FOMOS SEMPRE AMIGOS

NÓS FOMOS SEMPRE AMIGOS

Em fim chegou um tempo

que a vida lá fora

permanece dizendo sobre

nossas vidas destruídas

nossos amores construídos

onde encontro outros

fazendo encontros estranhos

para serem nossos amigos

compaixão do fim que era certo

um veneno tomado desperto

olhávamos as nuvens correndo

o que trazia depois das chuvas

nos olhos caindo

não tinham gosto de ofensa

estávamos perdoando

andavamos flutuando na crença

daquilo que não tem corpo

se quer o sopro de algo conhecido

permitia visitar coisas aparentes

nosso amor tinha uma dor violenta

a dor que olhava as paredes

que procurava o que namorava

antes de dizer adeus

o calor necessitado

do banho de sexo indigno

o sexo íntimo queria viajar

até onde podia ser de novo

a possibilidade de amar

sem ser este mínimo que controla

temperaturas ociosas

verdades ansiosas

expostas dilaceradas

deixando-se invadir

para o acaso de ainda estar aqui

apelidando o incômodo

este símbolo brilhando

nos dedos é um medo confuso

ficou lindo na sua pele

agora é um objeto intruso

eu sou como as coisas avulsas

penduradas

posso servi-la quando quiser

posso senti-la

posso abriga-la

como todo amigo posso ser tudo

posso ir embora

mas como nunca fui seu amigo

esta vontade chora

porque ela ainda tem desejos

posso vê-los perdidos em mim

são estes afins

quando queremos ficar

também o mal estar

ganhando o lugar da dúvida

eu quando beijei teu gosto

havia pouco de nós

era desconhecido

eu não estava mais presente

os nuances nos lençois

as ondas do que fica jogado

imóvel podia consolar

ainda nos permitíamos.

MÚSICA DE LEITURA: The Crambierres - LINGER