MEU PERPLEXO DERROTADO

MEU PERPLEXO DERROTADO

Apesar de ser eu mesma

no dia seguinte

pareço tanto com minha outra

diva favorecendo o encontro

que nunca veio acontecer

que a nova pessoa na escada

deva ser meu péssimo gosto

de tomar umas bebidas e me divertir

falando demais além do que me priva

de ter um esonderijo

me dirijo por medo do absurdo

até a porta sob um som perverso

que vinha de sapatos

e subiu até a campanhia

a companhia era meu apartamento

e meus olhos numa roupa

estranha que pensava

quando foi a última vez

na adolecência

que vesti tal fragância vulgar

porque o tamanho importa

quando o rosto não abriga

mais aquela essência

de tutti-fruti e hortelã

não era vã meu inimigo

golpeando depois de nada ouvir

quando apertou o sino

e a puritana fazendo as preces

ainda olhando de novo

para o filme pornográfico

deixado atirado sobre o sofá

quase falando sobre a vontade

que tive em ser a categoria

das estrelas num lugar comum

com certeza sabiam

das cores atraves do problema

que em qualquer dança subia

meu universo estava calmo consciente

ardia apenas uma chama

do cigarro sobre o cinzero

no destino preparado pra ser

conhecido até altas horas

quando não demora

estaria por hoje dormindo

minha demora trama covarde

das flores no penhasco

mantém um perigo

um aviso que não conheço

detém-me antes do fátidico incerto

que nada fala

põe uma sombra no rol da porta

e fica andando

começo por ter agonias

e sendo um pouco fria

pensando qual seria este amante

nenhum motivo no vestido

nenhuma sobra de algum amasso

percebo que preciso de outro

cigarro

e que a janela tem uma resposta

interessante p'ra mim lá embaixo

o exaspero avista e sem prazo

por que até eu mesma decobrir

quem está por traz do que foi perdido

não trairei minha ilha

prefiro sofrer sozinha

e volto pra cadeira no ambiente

invadido vendo que a sombra havia partido

agora o meu perplexo derrotado

podia sentir-se livre...

MÚSICA DE LEITURA: Billie Holiday - Stormy Blues