Máquina de Escrever

Falar em máquina de escrever hoje é coisa de véio caduco, reacionário e avesso à tecnologia, Conheço um que ainda escreve à máquina:eu. Ultimamente estou escrevendo mais à mão e ditando para meu neto digitar meus textos para o RL. Mas os escritos para os jornais de Pesqueira e Arcoverde, além das crônicas do meio-dia da rádio (diárias de segunda a sexta)faço na máquina. Faço isso há mais de 40 anos. Por que nao uso o computador? Porque tenho as maos trêmulas devido os remédios que tomo para asma,teclado de compotador nao aguenta o repuxo. Mas admito que pesa tambémo meu apeloà máquina de escrever, gosto do som, talvez ela me inspire, Sento e, poke!, faço o texto, sem maiores arrodeios, talvez por isso alguns saiam meio confusos. Não corrijo os possíveis erros. Sou fiel à maquina.

Outra curiosidade: de todos os meus irmãos, o único que não conseguiu aprnder a datilografar comtodos os dedos das mãos, fui eu, descartei aprender na escola, cm aquele tabuazinha cobrindo os dedos, aqele exercicio asdf e g. Resultado: datilografo só com dois dedos, os fura-bolos (indicadores). Fui bancário durante 31 anos e sempre datilografei com dois dedos, escrituras, cédulas rurais, relatórios, cartas e o escambau. Tem mais:nunca vi ninguem que ussa osdez dedos datilografar mais rápido que eu. ó há ima diferença, so datiografo olhando para o teclado da máquina.

Tenho cinco máquinas de escrever, todas com defeito. Já foramaa para o conserto ene vezes. A única que está mais ou menos boa é uma Olivetti Valentine (fábricada nao México), vermelha, presente de umamigo que estava jogando fora o que nao prestava. O problema dela é que a fita só corre para umado, tenho que ficar voltando a fita. Acostumei.

Agente se habitua com as coisas. Eu sou um véio cheio de hábitos. Detesto mudanças. Sou um esquerdista conservador. Que é que vou fazer a essa altura da vida? Eu sou assim, quem quiser gostar de mim, eu sou assim, como diz o samba.

Como estou com a mão na massa falando desse assunto maquina de escrever, lembro o que disse Jean-Luc Godard (o cinenasta): "Eu sempre uso uma velha maquina de escrever. Comprei dozepara ter certeza de que elas me acompanharão até o fim da minha existência". Mas Antonio Maria, o saudoso cronista pernambucano, foi mais longe na defesa da máquina porque associou o ato de escrever com ela ao amor, disse: "O homem só tem duas missões importantes: amar e escrever à máquina. Escrever com dois dedos e amar com a vida inteira".

Sou mesmo um veio do tempo do ronca. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 19/08/2016
Código do texto: T5733611
Classificação de conteúdo: seguro