12. Cravos e Rosas

Todas as trilhas ostentam seus Cravos e Rosas... A medula de nossa existência se constitui em escolher por quais trilhas seguiremos e quais serão tomadas pela brenha do passado, que engole absolutamente tudo, impiedoso.

Quantos cravos?! Quantas rosas?! Ninguém há de saber – As Moiras não nos permitem tal potência. O Destino está em nossas mãos? Sim! Nós fazemos nossa Sorte? Sim! Sim! Mas cegos! Essas Tiranas brincam conosco como um garoto importuna um cego, cutucando-o com um vara afiada e o fazendo se chocar contra paredes.

Existe maior crueldade que largar um vagabundo sedento a vaguear pelo oceano, entorpecido pela salinidade mortal das águas?

Existe maior brutalidade que pôr nas mãos de um cego uma palheta de cores para que ele pinte seu Destino?

E essa grotesca violência existencial não finda nesses caprichos: o capricho primordial são as miragens! As Tiranas lançam miragens nas entradas das trilhas! Iludem-nos! Fazem-nos acreditar que sabemos qual caminho é o mais floreado! Não é a ilusão a pior cegueira?

Se pudéssemos quebrar esse encanto e quantificar, de antemão, quantos Cravos e Rosas margeiam as íngremes e violentas trilhas da Vida, mudaríamos nosso Destino? Cometeríamos deicídio contra as Megeras?

Ninguém há de saber! Ninguém há de conhecer! O Poder Divino se funda na ignorância humana, e o Conhecimento é o mais grandioso ato de revolta contra o Olimpo – seja subversivo, mortal.