Lembrando Gonzaguinha.

É bom lembrar de Gonzaguinha nesse triste momento da história. A minha geração curtiu muito aquelas músicas carregadas de sensibilidade e teor crítico ao sistema. Claro que foi censurado pela ditadura inúmeras vezes, mas, com a sua dignidade e alto padrão artístico, soube se impor na cultura musical dos anos 70 como poucos.

Eu gostava de ouvi-lo cantar “É. A gente não tem cara de babaca, a gente não tem jeito de panaca. A gente não está com a bunda exposta na janela prá passar a mão nela”. Eu achava empolgante isso – o compositor fazia questão de mostrar que, apesar de toda falsidade e desfaçatez do sistema, nós estávamos lutando para manter a nossa dignidade. E essa dignidade valia muito, estaria impregnada na nossa essência, na nossa alma.

Hoje me sinto assim – os calhordas golpistas nos obrigando a ficar com a bunda exposta na janela prá passar a mão nela. Eles que vão pensando. Mau caratismo tem limites e, hoje, a sociedade – pelo menos parte dela – tem voz, opinião e jamais vai aceitar que criminosos tirem do poder uma presidente que não cometeu crime algum. O seu único “crime” mesmo foi ter permitido a continuidade da operação Lava jato e que provocou a “sangria” que Romero Jucá disse que deveria estancar a qualquer custo.

Não vamos deixar a bunda exposta na janela. Mas não mesmo.

Vera Moratta
Enviado por Vera Moratta em 31/08/2016
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