OS FACÍNORAS DO MUNDO

Imagine se todos os facínoras do mundo pudessem dispor da boa técnica da fala, além de seus famigerados sonhos mirabolantes de chegar ao poder de alguma forma, mesmo que puxando o saco deste ou daquele; mesmo que beijando mãos, lavando pés, lambendo solas de sapatos; mesmo que a troco de pum! Pum na cara, nos ouvidos, martelando e engolindo a seco, por não vislumbrar outra maneira de crescimento profissional, intelectual e acima de tudo espiritual...

- Oh! mas, que pensamento infame o meu.

Os vermes não tem alma, não tem coração, não tem religião. São acéfalos, aculturados e geralmente tem memória curta.

São insuficientes na sua escrita retrógrada e no seu raciocínio beócio. Naturalmente há que se saber - as amebas, os parasitas não são comparáveis a outros animais como por exemplo as tartarugas, porque embora lentas estas andam, tem objetivos, caminhos e longevidade, ao contrário dos vermes que tem seu habitat sempre no ácido.

É no ácido que sobrevivem, que proliferam e na sujeira se reproduzem e se reconhecem no mundo incipiente da geleia crua como dizia o grande Augusto dos Anjos.

Os facínoras não são animais de peçonha, por que até os animais de peçonha sofrem com a ação dos vermes, dos parasitas que vivem na obscuridade em meio a intestinos e sebos, gases fétidos e uma infinidade de substâncias que mobilizam a vida no interior das criaturas, entre odores e cheiros, açucares e fel, no incremento do desenvolvimento da matéria orgânica, que na vida, tem no equilíbrio o seu ponto de convergência. O mundo é perfeito com todas as suas imperfeições; as suas encruzilhadas, os seus contrapontos, seus conflitos e interesses neles pressupostos.

Viver é difícil, mas, necessário. Precisamos uns dos outros mais que tudo. Não somos perfeitos, infalíveis, insubstituíveis, melhores do que ninguém. Há sempre uma porta para se abrir. Sempre uma ideia nova, um caminho novo. Nada substitui a graça de ser feliz quando compartilhamos nossas ideias, sucessos e fracassos.

Só os facínoras e idiotas julgam-se superiores, a quem e por que é difícil de responder ou saber.

Edilberto Abrantes
Enviado por Edilberto Abrantes em 04/09/2016
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