Ourém

Cidadezinha do interior, não de periferia, mas interior de ser humano. As moças bonitas ainda são a causa do alvoroço na praça da prefeitura ou na orla do Rio Guamá, que faz questão de curvar-se, simplesmente para dar seu ar da graça e banhar esse rincão de gente simples. Ah! O passeio na orla do Rio Guamá, o banho em suas águas espirituais que tira toda espécie de males e traz toda espécie de bem. Aos domingos o sino ainda convida o povo pra missa, que lotam os bancos e louvam a Deus.

Nas ruas em dias de domingo, as moças se arrumam para embelezar as praças e dar encantos aos transeuntes. Lugar de boa recepção e descanso em seus infindáveis igarapés. Aqui a vida anda sem destino presa em seu passado desconhecido, apenas alguns relatos sobre seu descobridor português e fim. Tudo mais é “estória”. O tempo parou e teimou em não mais caminhar, as pessoas se acostumaram ao tempo que tem e o tempo atrofiou suas pernas.

Até o rio que tanto ama esse lugar parece que também cansou, sofreu e quer morrer. Está definhando, denota cansaço de quem muito viveu e se doou. O que será de Ourém sem o velho Guamá? Ainda terá vida? É dolorido não ter resposta. O ano tem sentido duas vezes nele mesmo: Julho com o “festival do chopp” e ao fim dele próprio.

Ah! Ourém, o que te aconteceu que se prendeu em uma zona de conforto, conforto é morte, a vida é dinamicidade, desconforto. Essas palavras são para seus filhos que ainda vivem sobre tuas asas maternas. Para os seus que só te visitam, são renovados em espirito e força interior.

Assis Silva
Enviado por Assis Silva em 12/09/2016
Reeditado em 12/09/2016
Código do texto: T5758405
Classificação de conteúdo: seguro