SEM CULPA E SEM DESCULPA

Hoje, quando estava indo para o trabalho ouvi duas músicas que me chamaram a atenção e me fizeram refletir: “Sentir-se Jovem”, de Juca Chaves, e What a Wonderful World (Que Mundo Maravilhoso), cantada por Louis Armstrong.

Da primeira chamou-me a atenção o verso "idade não é culpa, velhice não é desculpa", que encerra duas insofismáveis realidades: não se pode culpar ninguém por se tornar idoso e, consequentemente, por ter as limitações próprias da idade, o que deve ser compreendido e aceito pelos mais jovens. Já o idoso, por sua vez, que usa a idade como desculpa para se acomodar num canto, acaba esquecido e solitário.

Constato isso, porque convivo com idosos desde sempre. Grande parte da minha infância e juventude morei com meus avós e nunca os vi acomodados lamentando o tempo. Foram longe, até os 87 e 90 anos, numa época em que a expectativa de vida do brasileiro talvez estivesse em torno dos 50 anos.

Hoje mora comigo minha sogra que aos 99 anos de idade segue ”com aquela saúde irritante” (como gosto de dizer brincando), fazendo crochê, frequentando a igreja e comemorando cada aniversário com alegria junto à família e amigos.

A outra música, além da belíssima melodia, traduz em sua letra a observação das coisas simples da vida, do colorido que está ao nosso redor e muitas vezes nem percebemos, do mundo maravilhoso em que vivemos.

Quem já parou para pensar que arvores e flores florescem para si?

Percebeu o caráter sagrado no brilho do dia e a negritude da noite?

Apreciou as cores do arco-iris, ou notou, no simples choro de um bebê, que o futuro reserva mais conhecimento do que o seu?

Refletindo percebi que hoje escutei um canto de esperança, que me entusiasma viver sem culpa e sem desculpa.

Hegler Horta
Enviado por Hegler Horta em 13/09/2016
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