O AMADORISMO NA FESTA DO ROSÁRIO DE POMBAL

O AMADORISMO NA FESTA DO ROSÁRIO DE POMBAL

Jerdivan Nóbrega de Araújo.

As cidades do interior da Paraíba em meio ao desaparecimento da a crise. Nestes tempos bicudos, os administradores municipais precisam de muita criatividade para fazer o dinheiro entrar nestas pequenas urbes, fazendo funcionar o comercio, que por sua vez gera empregos, divulga a cidade e quebra o estigma de que o povo sertanejo sobrevive apenas do emprego público.

Nessa luta para trazer turistas, as cidades estão redescobrindo as suas festas e monumentos tradicionais: Campina Grande com o maior São João do Mundo, Guarabira com a Festa da Luz; Santa Luzia com o tradicional São João; Pilar com o tamarineiro de Augusto dos Anjos, Sousa com o vale dos dinossauros e todo o brejo com os Caminhos do Frio.

E Pombal com... Pombal? Pombal não tem atração para turistas. Apenas a Festa dos Negros do Rosário que é o primeiro encontro folclórico da Paraíba e umas das mais tradicionais festas de Irmandade de Negros do Rosário do Nordeste do Brasil. Algo que, para seus administradores nunca teve nenhum valor ou importância.

Os Negros dos Pontões, que já chamou a atenção de pesquisadores de toda parte do país por só existir em Pombal; a realeza dos Congos e do Reisado, que nas suas coreografias nos levam de volta as nossas raízes negras, no entanto são marginalizados pela população, pela própria Igreja e por administradores de visão curta que a cidade tem tido a sorte de carregar nas costas.

Não são os “negrinhos do rosário”: é cultura da mais rica originalidade e deveria ter seu reconhecimento como arte e cultura.

A Festa do Rosário, apesar de seus mais de cem anos de tradição, é realizada de forma amadora, sem divulgação, sem estrutura e sem apoio da imprensa televisada ou escrita, e até da PBTUR que prefere vender a Paraíba litorânea em exposições na Europa, a olhar para dentro do Estado.

A culpa não deve, no entanto, ser creditada apenas aos administradores públicos. Os comerciantes da cidade precisam também entender que o turismo não é uma simples visitação de pessoas esquisitas a nossa cidade. O turismo senhores do Clube de Diretores Lojistas de Pombal, e a indústria do terceiro milênio.

É certo que somos carentes de um bom Hotel, e o preço da diária cobrado o único da cidade é extorsivo para os serviços oferecidos, mas, como instalar um bom Hotel na cidade se não temos investimentos em eventos já consagrados como a Festa do Rosário, a Festa de São Pedro, ou mesmo na divulgação dos nossos monumentos histórico como a Cadeia Antiga e cheia de historias, a tri centenária igreja do Rosário, e o centro da cidade que, mesmo desfigurado, é uma atração?

Aos três grupos folclóricos é negado até o espaço para as suas de apresentações e performances: em um evento de nove dias são reservados aos grupos menos de 15 minutos, e isso em meio as falações desenfreada dos padres que não largam o microfone depois do ato litúrgico. É necessário construir um tablado acima do solo para que estes se sintam parte da festa que é muito mais deles do que nossa.

Se a cidade trocar a pinga que dão aos nossos Negros dos Pontões, Congos e Reisados por apoio, o retorno virá em forma de lucro. Não adianta dizer que é bonito, e aplaudi-los no final de cada apresentação, quando estes artistas do povo são marginalizados, não têm dinheiro para comprar suas vestimentas, vivem de esmolas e aceitam a sua cachaça apenas por que a cultura do povo ainda é esta.

Em um passado recente até a procissão do Rosário tinha mais brilho, era bem mas cedo e acompanhada por fogos e pela filarmônica da cidade: cadê tudo isso?

É preciso recriar a casa da cultura, que nos dias da festa, quando se tem pessoas de fora na cidade, encontra-se com as suas portas fechadas a visitações. Precisamos mostrar a esta gente o seu valor, levando a se apresentarem nas escolas primárias da região para que as crianças conheçam os valores da cidade, desfilar no ”sete de setembro” para dar visibilidade, pois muitos daqui sabem o que é o “Boi Garantido de Parintins”, mas não conhecem os grupos folclóricos locais. Tornar estes três grupos embaixadores da nossa cidade, levando-os a se apresentarem em outras localidades para que nossa imagem seja revertida em favor da cultura e da tradição.

Não são os negrinhos do rosário como a cidade costuma chamá-los: são artistas, cada um com uma história para contar em forma de dança.

Vamos acabar com o amadorismo e fazer desta festa uma forma de divulgação da nossa cidade.

A Festa do Rosário de Pombal é algo que precisa ser visto com olhos de turista, como bem lembrou Tarcísio Pereira.

Jerdivan Nóbrega de Araújo.

jerdivan Nóbrega de Araújo
Enviado por jerdivan Nóbrega de Araújo em 15/09/2016
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