E tudo sempre passará

Tudo sempre passará, seja a vida, a dor e até mesmo toda a repercussão causada pela morte do ator Domingos Montagner. Por enquanto, a mídia está explorando porque está dando audiência, já que era um ator conhecido e que estava interpretando um personagem benquisto. Quem não quer ver o protagonista ficar com a mocinha da história, não é? A mídia sempre explora uma grande tragédia, esmiuçando os detalhes até o fim, expondo as famílias dos mortos, mostrando os locais onde ocorreram os acontecimentos trágicos, fazendo-nos sentir quase como se fôssemos íntimos das pessoas que morreram. E devemos lembrar que com certeza ele não deve ser a primeira pessoa que se afogou por lá.

Naturalmente, aos poucos, a mídia irá deixar de expor a figura de Domingos e nós não pensaremos mais nele à medida que seu nome e seu rosto não aparecerem mais, mas, para os que, mais do que o ator, conheceram a pessoa, o processo será mais lento e doloroso, principalmente para a família. A mulher, os filhos, o irmão, colegas de trabalho e tantos outros que o conheceram em sua juventude e acompanharam toda sua trajetória de trabalho estão passando por um doloroso processo de luto.Para os filhos, especialmente o caçula, é muito difícil ver-se privado do pai. Ele morreu de maneira muito repentina. Como é ter que aceitar que aquela pessoa que estava há tão pouco tempo ao seu lado não estará mais lá nos próximos anos, não fará mais parte da sua vida? Talvez a esposa pense(suposição) que esteja vivendo um pesadelo. E para a colega de trabalho, que o viu se afogar, o que não deve ser relembrar todo aquele episódio horrível?

Para nós, que apenas acompanhamos tudo pela televisão ou Internet, tudo passará mais rápido e facilmente. Mas não para os que o conheceram e viveram de perto com ele. E não para quem acompanhou o trágico acidente que talvez nunca saibamos se poderia ou não ter sido evitado. Não nos cabe fazer conjecturas. Apenas sentir compaixão e solidariedade por todos os que o conheceram e amaram.