um livro caiu do décimo oitavo andar

Que horror, naquela segunda-feira, pré feriado gaúcho. Um livro, pequenino e indefeso objeto que guarda as mais diversas mensagens, caiu do décimo oitavo andar de um prédio, no centro de porto alegre, a luz do dia, em frente a crianças, moças, rapazes e transeuntes em geral. Desespero. Agonia. Medo. Sentimentos que, no primeiro momento, passaram na cabeça do nosso querido amigo de mãos frouxas. Pois bem. Tomava ele um café passado, pretinho, sem açúcar, enquanto lia um pouco antes do expediente começar. Ele que era sempre pontual, até mesmo na impontualidade - fazia questão de se atrasar sempre no mesmo dia e horário. Pois então, estava ele a reler um capítulo, buscando algo que passou, assim, despercebido entre o sons da cidade, no meio do trajeto ônibus-trem-ônibus. Que quando toca o seu ramal, inesperadamente toma um susto. Cai um livro. 18 andares. 200 e poucas páginas bailando ao ar e terminando no duro cimento. Atende o insistente telefonema. Tristeza arrebatadora. Solidão de manhã. Vida que vai. Morreu seu amor. Ainda bem que ela era como um livro. Assim nem caindo do 18º andar morreria.

HSF
Enviado por HSF em 19/09/2016
Reeditado em 24/09/2016
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