O tal do amor próprio.

Cheguei em casa, me joguei cama, olhei ao meu redor e de repente meu quarto foi invadido pelo som da casa do vizinho e pra piorar o infeliz estava ouvindo a nossa musica, aquela que tocava uma vez na rua e você com todo seu bom humor me puxou pra perto de ti me fez dar uns passinhos e me disse para ensaiar pois ela tocaria na festa do nosso casamento (nunca mais consegui ouvir “Have you ever seen the rain” como antes”), aquela droga de musica que insistia em me fazer lembrar o que eu tentava esquecer.

Corri peguei o celular, olhei pros lados como criança que vai fazer arte, suspirei fundo pensando em desistir, mas fui até o fim, abri o facebook e busquei seu contato, qual não foi minha surpresa quando vi na sua foto de perfil alguém ao seu lado, um rosto, um sorriso alegre que não era o meu, olhando seu status pude ver troca de mensagens de carinho como as que você costumava me mandar, mas que eu pouco acreditava na veracidade das palavras.

Senti vontade de chorar, mas segurei, meu orgulho era forte demais para tal.

Fechei os olhos procurando fugir das lembranças e pensamentos, mesmo assim uma lágrima solitária veio ao meu rosto abrindo lugar para um mar de choro que viria em seguida.

Lembrei-me das nossas primeiras conversas, da troca de mensagens constante, de cada brincadeira boba que me fazia rir, de cada vez que eu lia uma mensagem antiga só para sorrir novamente.

Lembrei também das nossas discussões, nossas brigas.

Eu jurava para todo mundo inclusive para mim que já não sentia mais nada por você, percebi então, que toda aquela pose de forte não passava de uma farsa, quando eu a vi do seu lado percebi que te perdi.

Pensava comigo sem entender, como você conseguiu fazer aquilo comigo, posar com ar de Feliz ao lado de alguém como se eu nem ao menos tivesse existido?

Enquanto chorava, olhava foto por foto, analisava comentários, datas, troca de curtidas, conseguia fazer um gráfico mental do "crescimento exponencial" daquele amor externado de vocês e a cada análise o choro aumentava, porque eu estava chorando? Por que? Aquilo não fazia sentido, depois de tudo eu Ainda estava em prantos?

Precisei chorar mais um pouco, respirar, pensar no passado e entender que você, bom você não fez nada, aliás quase nada comigo, o maior mal de todos fui eu quem me fiz.

A gente sempre sabe que a falta de amor dói, mas esquece que o excesso dele sufoca. E eu, bom... Nunca fui uma moça boba e inocente, no fundo sabia que todas as mensagens me chamando de "amor da minha vida" tinham muito pouco de verdade, eu transbordava tanto sentimento por ti e não demonstrava nenhum por mim, fui me permitindo fechar os olhos e fingir que não via os sinais de que aquela relação que deveria ser a dois era vivida apenas por um (eu).

Depois de muito chorar, questionar e lembrar percebi que cobrei de ti algo que nem eu mesmo não tinha ( amor por mim), percebi o quanto eu não teria evitado se eu tivesse um pingo de amor próprio para não deixar passar aquela situação em que você chamou a mãe de uma amiga de sogra ou quando deixava de ir me ver nos teus dias de folga para dormir e descansar até mesmo quando passava a semana sem falar comigo a menos que eu te ligasse.

Limpei o rosto olhei novamente a foto e percebi que não te perdi, pois nunca foi meu, mas percebi que em meio a tantas lembranças havia encontrado o maior amor da minha vida: Eu mesma.

Megami Lua
Enviado por Megami Lua em 21/09/2016
Reeditado em 21/09/2016
Código do texto: T5767932
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