MESMO QUE ...
MESMO QUE...
É uma queixa conquista que deixa
um visto de passagem a frente
p'ra de certo que eu venha
ter o mesmo amor igualmente
do mesmo jeito onde a estranheza
pelo detalhe do corpo não fere
meu gosto ainda assim tão nova
seja um delírio desejando morrer
que insere de novo outra prova
outra metade desocupada de mim
que não traga o desejum
do mal que deixo por ouvir
do vento num adeus contínuo
nenhuma palavra agradável do caso
em suma os fracos me honram
n'alguma porção de seus fluídos
fui uma dama uma resoluta víbora
na mordida certeira que me leva
direto aos pulmões
terminando a noite sem ar
indo dormir pra acordar sozinha
e logo que anoitece o que parece
ser o mesmo vento conhecido
é pois veja o mesmo aceno de vontade
abrindo suas inquietudes
creio que durante toda viagem
até chegar de volta a meu castelo
foi aquela dos olhos aguçados
da alegria mentirosa pouco zelo
que logo abaixo está na verdade
esta mesma crueldade trazida nos olhos
já encontrou minha porta fechada
luzes acesas uma incerteza pelas
coisas todas fazendo sentido
a tv ligada o sofá da sala
nas luzes de foco destinando meu corpo
somente pelas aberturas de vidro
este destino pôde saber que eu não estava
mas este tem um inferno diferente
quando olhei já havia posto
minhas mãos na chave sendo indecente
pelo baby-dol transparente
aconteci no jardim loucamente
e fui acordar de novo sozinha
mesmo que ele esteja dormindo
a garrafa estava vazia
dezenas de cigarros acesos
e meu tapete de origem burguesa
tinha uma surpresa terminando
este caso na banheira de porta fechada
encontrará o recado no porta-malas
do carro como se tivesse
de lingua p'ra fora num bilhete escrito
quero ele de volta inteiro sem você.
MÚSICA DE LEITURA: Billie Holiday - I cover the waterfront