EM FIM DESCOBRIR-SE

EM FIM DESCOBRIR-SE

A pedra fazia mais sentido

as corredeiras traziam o perfume

do olimpo estrelado de cima

queira ser um alado vassalo

do rei sol pra subir lá em cima

não comendo nenhum fruto cobiçado

pela doença que vem brincar

de infância depois da queda

é tão seria que desenha pedaços

de mim correndo no chão

preciso partir rápido

não posso pensar em nada

tudo está combinando vontades

o mundo que rodeia desaparece

receio talvez que possa desistir do inicio

era um frescor barato sentir-se possuída

quero conquistar não ficar desejando

quero ser Arthemis rodeada de arthemisia-maior

protegida da coisas que vão vir

do que era frigido resistente

aquilo que eu chamava de melhor

de mim mesma diferente separada

enfeite de sala das conversas

ninguém me ouvia pelo interesse

que a beleza desperta sozinha

eu era um caso frequente dos outros

enquanto eu bebia a taça virava

bocas demais assassinas refletindo

quem dormia seus olhos nas pernas

quem estava no dorso

quem já havia comido pelo sangue

roseado nas faces mentindo serem dóceis

anima de selva

se estivéssemos todos no mato

eu estaria servida

quando eu dominar esta lamúria esquisita

terei abortado o estupro do que é lindo

e do desejo que fique pleno intocado

desaparece me deixando sair

combinando apenas minha sina

a que eu escolher

porque sendo vítima serei usada

prisioneira das masmorras

suja descabelada pra esconder-me

princesa empodeirada de adereços

verei as máscaras do insolúvel

dividindo o endereço que deixei aberto

meu peito escorre fragrâncias sinceras

do coração que palpita por que está solitário

alguém por favor me sirva

o que tiver que seja puro!

MÚSICA DE LEITURA: Billie Holiday - Stormy Blues