SEGUNDO MEU SEXO

SEGUNDO MEU SEXO

E a amargura falou diante de mim

atrofiada veio como algo bom

não imaginava que seria tão cedo

que o medo era uma bobagem tranquila

vagava nos pulsos correndo depressa

era porque eu duvidava da pequena parte

que o descuido furtava um gosto nascendo

vagava no corpo como tesão intimidado

que no fortuito do acaso não resolvia

já havia sofrido este acidente fatal

tive meu senso aos frangalhos

procurando algo que cessasse

nem que beber fosse um remédio barato

ficava visitando memórias pasmada

na vitrine que são meus olhos

de lágrimas fazendo do nada

meu demônio inquieto insensato

ele cuspia me desafiava trazendo

outra solução de transa visceral

ande entre os famosos da nova época

os que engolem fogo tem pouco interesse

em dizer aquelas coisas que são máximas

que abrem nossa alma acenam jogando charme

quase quebram nossos ossos com fome de carne

desvestem o motivo da noite

são da noite morcegos na volúpia

aceite andar entre os estúpidos

eu não aconteço parece que ouço

que está tarde pra mentir num caso

e volto a procurar a fuga deprimida

de óculos escuros a noite

"pareço uma mulher grave"

desigual num traje incomum

devo disfarçar meu tom fácil comovida

como a vida desaparece permitindo

entender de manhã n'outra manhã

alguns dias depois

agora posso estar parecendo ridícula

entusiasmada comum por dentro

no diverso lá fora estou única

e tão maldita que posso entrar

num muquifo e ser explêndida

como queria estar a vontade

sentar de alarde convicta

numa ribalta onde os jardins me respiram

mas este fim morreu cedo ontem

ele ainda dormia quando cheguei

de manhã "cedo"

sentada olhando seus dedos procurando-me

aceitei descer pela carona

que flertei no caminho esperando-me

nunca mais voltei...

...como é bonito mesmo o oceano!

MÚSICA DE LEITURA: Billie Holiday - Lady SingsThe Blues