DOCES E AÇUCARADAS REDUNDÂNCIAS REDUNDANTES

Ao ler em um contrato, que o contratante contratava o contratado, contratualmente, tive de “encarar de frente” com “exata precisão”, a “imprecisão duvidosa” que me assaltou (sem armas, felizmente). É “corretamente direito” redundar? Vamos aos fatos:

Diz o pai dos burros, que redundância é insistência desnecessária nas mesmas ideias; excesso de palavras, de expressões; prolixidade, abundância explicativa. Gramaticalmente, ela existe com o nome de pleonasmo, quando alguém rabisca uma expressão que deseja enfatizar pra valer. Por exemplo: Fulano “viu com seus próprios olhos” o que aconteceu. Porém, quase sempre seu uso é incorreto, e é nessa incorreção que se torna hilário.

Eu mesmo já “adiei pra depois” alguma coisa, busquei “outra alternativa”, “repeti de novo” o erro, elegi um “protagonista principal” e elaborei uma “surpresa inesperada”.

A gama de abusos semelhantes é imensa, e pode ser vista num pequeno texto que li “há algum tempo atrás”, num “sebo de livros usados” que encontrei em “pequena cidadezinha”.

O título já prometia: “DELÍRIO APAIXONANTE DE UM APAIXONADO DELIRANTE”.

Distraído, “andando a pé” pela “orla litorânea da praia”, o pensamento voava longe, só “lembrando das recordações” tristes, que insistiam em ocupar meu raciocínio. Estava a ponto de reconhecer-me “louco da cabeça”, quando a vi sentada num banco com ele. ‘Ambos os dois” de “mãos dadas, um para o outro”, conversando “animadamente, com entusiasmo”.

Tive de “dar ré para trás” a fim de não ser percebido, mas permaneci meio “escondido, oculto”, espiando a “viúva do falecido” arreganhar-se para aquele “desavergonhado descarado” “em público, na frente de muitos transeuntes”. O pior é que eu lhe prometera, pouco antes, um “amor eterno, sem fim”, sem lograr com a declaração, sequer, um sorriso amarelo. “Anoiteceu a noite e amanheceu o dia”, sem que eu conseguisse deixar de pensar no ocorrido, e agora a via com enorme “sorriso nos lábios”, endereçado a outro. Olhava-os, “chorando e lacrimejando”.

Pensei em “suicidar-me com minhas próprias mãos”, tal a aflição que me corroia o “íntimo por dentro”, mas ao “virar a cabeça para um lado”, deparei-me com uma mulher bonita e bem vestida, que, como eu, olhava para o casal, e também “chorava, pranteava”. Nunca a vira antes, mas não hesitei em me aproximar e lhe oferecer um lenço. Ela me “olhou com seus olhos” molhados, ensaiou um sorriso triste, pegou-o e agradeceu. “Acompanhei-a, e fomos juntos” até o “passeio público da rua” em que estava o casal observado. Passamos por eles, que nos viram, espantados, e naquele momento minha acompanhante “me abraçou com seus braços”, imaginando-se, suavemente, vingada. Foi como me senti, “igualmente, também”.

Encontramo-nos novamente, na tarde seguinte, e foi o primeiro de “muitos encontros, em muitas ocasiões”. “Quase um ano depois, passados alguns meses”, na mesma praia, de frente para “aquele mar, que se fazia oceano”, “trocamos alianças em nossas mãos”. Do mesmo jeito simples que “nos envolvemos, formalizamos nosso envolvimento”.

“A novidade inédita”, como “conclusão final”, foi saber que a aventura amorosa do outro casal deu em nada, ainda antes de nossa união. Tivemos “uma vida em comum, juntinhos”, que resultou em “uma filha mulher e um filho homem”, hoje já “casados com seus cônjuges” e pais também. Esta pequena história é um resumo de “minha própria autobiografia”, que mostra o quanto é possível transformar “tristeza melancólica em contentamento alegre”.

Ao final do texto, o autor dizia “brindar, felicitar e cumprimentar” a todos.

Por falar em todos, li uma notícia, por estes dias, que dizia serem “todos os vereadores unânimes”, em considerar a “prefeitura municipal” “isenta da obrigação” de pagar “juros de acréscimo”, em sua dívida para com o estado. Que um “general do exército” e um “almirante da marinha” declararam ser “monopólio exclusivo” das forças armadas o porte de certa arma. Que a “safra agrícola” tinha sido prejudicada por fatores “climáticos do tempo”.

Tem “pra todos e todo mundo”.

Acho melhor eu não “cuspir com a boca” virada pra cima, porque o cuspe pode voltar.

Não estou livre de agir da “mesma forma e modo”.

Se descobrirem erros em meus textos, não queiram “decapitar minha cabeça”. Apenas “indiquem, apontando” o crime gramatical, que, humildemente, corrigirei, com a “ligeireza e rapidez” necessária. “infiltrem-se, os eleitores, dentro” da elaboração do texto e dividiremos a responsabilidade pelo “acabamento final” em “metades iguais”. “Obrigado e agradeço”!

nuno andrada
Enviado por nuno andrada em 07/10/2016
Código do texto: T5784740
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