O garoto da sobrancelha riscada

Cresci lendo livros onde as grandes histórias de amor se constroem em um dia qualquer, em uma hora qualquer, sem ao menos esperar, mas nunca imaginei que em um dia se quer eu encontraria meu grande amor; Enquanto eu comia um lanche imenso na rua eu via um cara parado na esquina, não era um cara comum, daqueles com vida clichê, que vai a academia todos os dias fielmente e sonha ser engenheiro civil, ele tinha um risco na sobrancelha no qual eu não conseguia distinguir se era apenas uma falha ou proposital, usava uma calça de jeans e um moletom largo, um boné que tampava metade de seu rosto, não era uma imagem agradável de observar, mas ai ele sorriu, ah e quando ele sorriu, foi o sorriso mais lindo que eu já vi, e por um momento sem ao menos o conhecer, eu quis ser o motivo daquele sorriso e olha, eu fui.

Quando dizem que toda menina procura um príncipe encantado não importa como ele é, ou como ele se veste ou oque ele faz, ela simplesmente ao acha-lo se apaixona e foi exatamente assim, sua voz grossa, seu cheiro de maconha e perfume fizeram me perder loucamente, não havia regras em seu mundo e foi nesse mundo que eu mergulhei de cabeça sem saber que ele não era o meu, fechei meu olhos e me imaginei no paraíso, apenas eu e ele, afinal quando a gente ama os problemas, o caos, desaparece e realmente não havia impasse que me fizesse mudar de ideia.

O beijo dele era como uma droga, mas era o tipo de droga que jamais seria legalizada, o abraço dele liberava morfina e eu me sentia cada vez mais viciada, um dia sem o vê-lo era como um inferno na terra, eu não tinha consciência dos meus atos, eu me perdia cada vez mais, eu me afundava e eu não queria sair dessa situação, eu entregaria tudo para viver com ele, eu precisava dele, eu realmente precisava do garoto da esquina para seguir meus dias, meus livros, meus cadernos juntaram poeira, meu vestibular eu deixei de lado.

A adrenalina de subir no guidão daquela bicicleta sem freio, o medo de ser pega, a sensação de prazer ao deitar naquela cama antiga de madeira, o barulho do ventilador quebrado, aumentava cada vez mais, a vida que ele levava eu queria levar, junto a ele, de mãos dadas, e eu estava levando, sem rotina, andar com aquele menino cheio de palhaço tatuado no corpo, ele era o único que conseguiu me fazer sentir, desenvolver um sentimento, me fez amar, amar verdadeiramente, honestamente uma pessoa de corpo e alma sem se importar com bens materiais, aparência ou qualquer futilidade.

Mas a vida não é um conto de fadas, e tudo foi se tornando um desastre, lembro-me dos nossos dias no meio de julho, quando éramos eternos loucos, os dias enlouquecidos, as luzes da cidade, a maneira como brincava comigo como uma criança, será que ainda me amará?

Agora não passo de uma alma que dói, eu já vi seu mundo e me acendi, não quero voltar a minha vida, como se tudo oque vivemos tivesse sido um sonho de uma longa noite de sono, em um instante tudo se acabou, eu sei que me amas, sei que enlouquece sem mim, preciso voltar no tempo, senhor, quando eu for para o céu, deixe-me levar meu homem, quando ele chegar, diga que vai deixa-lo entrar para ficarmos juntos, já que no inferno da terra fomos impedidos.

Preciso voltar no tempo, preciso dizer que o amei mais vezes, preciso dele, preciso de muito, não estou conseguindo lidar sem meu pequeno grande amor, preciso voltar no tempo para vê-lo naquela esquina novamente e cometer o mesmo erro, de ama-lo deis de o primeiro instante.

Mariana Junqueira
Enviado por Mariana Junqueira em 08/10/2016
Reeditado em 08/10/2016
Código do texto: T5784881
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