ACREDITEI QUE PODIA DESEJAR

ACREDITEI QUE PODIA DESEJAR

Encontrar um caso dentro do armário

para o caso de romper meu dia

seria de ultima hora

onde esão mesmo as aberturas

que dão luz ao interesse

ficaram todas elas perdidas

quando entrei no teu incomodo

no teu comodo destino esperado

não sabia que os olhos mentiam

de verdade queriam ter-me como

mulher nos braços tocada

sintoni sinfônica de beijos dados

que perderam o fim das formas

quando jogados estão escuros

diformes mostrando no futuro

corações preparados pra ver

se o destino realmente nos quer

bebendo do mesmo sangue

é que estava na estante o que procurava

dedicou-me um presente

de uma música que não gostava

vejamos depois de partir em prantos

quando não atendi sua vontade

na porta num dia de chuva

eu fiquei sentada olhando muda

ele saindo desconstruindo o cenário

que de certo ele mesmo preparou

quando deixou de baixo da porta

este envolope ainda lacrado

é que tive a presença dele

num momento de abuso

de um inválido confuso

que confundia uma mulher

ao um objeto de vitrine surda

daquelas que não guardam

sentimentos nem mesmo os argumentos

sobre o que pretendem com a ofensa

lembrei da delicadeza amiga

de trazer coisas além desta

que aqui fica

das coisas que tem vida

mas não falam

das forças que exalam

tão doce perfume que o costume

acaba acontecendo sozinho

sem vestigios de quem ofereceu

esta digna forma humana como

calor de alma porque sentia

ouvi de pernas p'ro alto

no revoaer das corinas

sobre o sofá da sala

que era também clássica

como tudo que nele veio breve

e eu como neve apenas derretia-me

frente ao reflexo de uma firmeza

que inaugurou depois dias

possuídos de ares tão belos

...que amarelo-vivo abria-se

na conturbada maravilha

mal cuidada que pendia

cair de onde estava...

acreditei que podia desejar

examinei profundamente

que algo acontecia

porque eu nascia de manhã

quando acordava.

MÚSICA DE LEITURA: Billie Holiday - Stormy Blues