13. Mil Vezes

Para os ares com o seu querer: o que importam são os meus desejos! A minha existência se funda em mim, e somente em mim. Agarro algo com unhas e dentes e atinjo o cerne de sua atividade: a atividade mais intensa e mais densa que se pode cogitar! Se faço algo é porque o faria Mil Vezes, mesmo que daqui a mil segundos eu já não queira mais fazê-lo.

A maior parte de mim reside no presente: mesmo quando faço planos para o futuro, os faço como extensões do agora e não como uma superestrutura transcendente a ser atingida – ideais são pífios, idealidades são pueris!

O centro de tudo sou eu, porque eu sou tudo o que importa e todo o restante não é nada além da expressão de minha vontade e daquilo que se opõe a ela (e isto está em maior número).

Jogam contra meu peito grilhões de todos as classes e me dizem: aperte bem! Pois eu me recuso! O mundo é o que é e, por isso, estou subjugado, sim, a grilhões – em torno do perímetro da ilha de meu ser existe um oceano que a limita – como os genéticos e certas algemas sociais, mas o mínimo do possível (para não alimentar a idealidade tola da liberdade plena).

Dentro de minha alma, porém, a liberdade sou eu quem guio (e que de outra forma seria?) e seu combustível – seu único grilhão – é a minha própria capacidade intelectual, então vou erigi-la ao ápice da importância e, primorosa, pô-la sobre tudo e sobre todos, a fim de que de sua combustão brote o que importa: eu, eu, eu e eu