A FONTE ato 1

A FONTE ato 1

Comparsas e farsa range dentes

cerram punhos marcas doentes

cravos sulcos na pele pretendem

remover a caricatura do fraco

atacam corvos destroçando ninhos

atirando penas no andarilho

desavisado caminha com o filho

na noite das estrelas guias

perto de vencer o medo da noite fria

encara os estranhos entre eles

um velho de bigode ranhento

e uma garrafa de rum de baixo

dos braços derramava vermelho

outro magro de cabeça erguida

calvo tanto quanto novo parecia

balança as correntes com espinhos de ferro

frente ao inocente a criança que chorava

sem dizer aos gritos pra fugir

e o pai ficava parado inerte

adormecia na sombra que descia

sobre ele do velho espumando larvas

e larvas do que havia comido

no cemitério trazia um pedaço

dos ossos com marcas conhecidas

era divertida tua história

tua glória quando ela estava viva

das surras sobrou informes

no pobre corpo feminino

debaixo da terra não tem ouvidos

eu trago eles pra que sinta

a fome de vida quando ela partia

desesperada não podia mais respirar

pulmões furados vulcões de sangue

tua alegria infernizava a criança

ainda no berço perto do terço

que caia sobre ela sobre ela

tu não pode fazer mais nada

a cruz ficou parada iluminando

o terror da morte

pois tua sorte chegou em fim

não durou no tempo que esquece

não ajoelhe para nenhuma prece

não somos que tu conhece

viemos buscar teu espírito

teu filho lembrará do teu corpo

caindo ...e apenas isso

entregaremos no futuro

as cartas que comia e enterrava

no fundo da casa deixando ela

desprivinida de ajuda

pra destruir tua culpa

tua culpa caiu no chão como água

entrando nos sulcos da terra

vindo parar nas mãos do

senhor único das trevas

ele quer conhecer um destino

designado do Deus dos pecados

uma cria santa capaz de ser

intruso no mundo das legiões...

...agora venha.

MÚSICA DE LEITURA: SUNNO - AGHARTHA