15. Menoridade

Por quê?

Por que escrever? Por que desejar? Qual o porquê de todas as coisas?

Por que desejar escrever? Por que desejar saber o porquê de todas as coisas?

Por quê?

Pelo o quê?

Levanto, todas as manhãs, de meu sono fantástico, por algo?

É um ideal? Então desprezo-me!

Apenas uma construção social? Então rejeito-me!

Uma determinação biológica? Então menosprezo-me!

O desejo não é por si mesmo a razão de todos meus ânimos?

Não é per si o combustível de toda minha vida?

Força nuclear devassadora, ímpeto furioso, Senhor de minha existência, o Desejo fez de mim seu servo e eu fiz dele Divino – devoto toda minha carne e toda minha alma na defesa de meu Senhor.

Muitos tentam negá-lo, erguem falsos deuses, cercados de folclore pueril digno de uma inteligência embotada, mas, nas sombras, reina Meu Pai, inexoravelmente, sob todos os tolos, e também sob os grandes, indistintamente.

Impávido, carrego comigo essa Verdade Imanente, pomposa! Impassível, admiro a pequenez da maioria, transviada por ideais cristalucinados! Naufragada na própria torpeza transcendental! Quando sairão, eles, da Menoridade espiritual?