16. Essência Olfativa

Certo dia, colhi alguns livros de seus ramos, em uma biblioteca pública taciturna, e os levei para viverem comigo em meu pequeno e gigantesco mundo, para devorá-los e sugar deles cada traço de conhecimento, e de dúvida.

Ao descascá-los, algo celestial se apossou de minha alma: um perfume inebriante que tomava conta da polpa suculenta daqueles figos se mesclou às palavras de um ser de eterna vivacidade que ali jaziam à espera de um contemplador digno!

O perfume e as palavras mergulharam, juntos, meu espírito em um êxtase fervoroso – que Anjo foi este que borrifou uma Essência Olfativa tão singular sobre uma essência espiritual tão eminente, tão imanente?

Como Pilatos, aprendo, novamente (e que surpresa há nisso?), que nem todas as perguntas têm de ser respondidas, mas de algo eu sei: essa foi a droga mais viciante que já experimentei.