Chega uma hora que o corpo perece e os pensamentos vagam nas lembranças de uma vida que passou sem que fosse percebida.
O belo se foi e restaram fragmentos de um corpo físico que tornou- se exílio de dores, mágoas e talvez  arrependimentos do que poderia ter sido feito e perdeu-se a oportunidade.
As paredes dos asilos estão impregnadas das mais diversas histórias de vidas que ficaram apenas na memória daqueles que hoje carregam a bagagem de uma existência e que sem esperança aguardam a passagem para o lado desconhecido.
No meio a sorrisos desdentados, olhos cansados e rostos angustiados pairam as sentenças decretadas pela longa jornada.
Uma realidade que assusta e ao mesmo tempo oferece a oportunidade de reflexão.
Por que uns chegam a esta etapa final à mercê dos cuidados de pessoas desconhecidas fora de seus lares, enquanto outros permanecem no seio de suas famílias cobertos de carinho e atenção?
Será castigo do alto ou consequência do que foi semeado ao longo da estrada?
Difícil entender um filho que abandona seus pais no final da vida, mas será que temos o direito de julgar?
Como terá sido esta relação familiar ao longo dos anos?
A gratidão por ter recebido a vida através deles deve existir  independente do que se recebeu ao longo da convivência, se é que esta existiu?
Sim, a gratidão deve estar presente, mas esta consciência é alcançada por poucos, porque o que domina é o que ficou marcado no coração e não o que a mente entende como politicamente correto.
Impossível entender e sentir a trajetória do outro, por isso não cabe julgamento.
O fato é que no final da hospedagem no corpo físico, a conta é apresentada e será cobrado o valor proporcional ao que foi semeado consciente ou inconscientemente, não importa, todos pagarão suas dívidas para que seja justificado o aprendizado na matéria.  

 
HILDA STEIN
Enviado por HILDA STEIN em 23/10/2016
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