O SOFRIMENTO ANÍMICO DE MUITOS, PRINCIPALMENTE NO FIM DO ANO

Ele se obrigava a se autoanalisar, pois os conhecimentos naqueles idos anos setenta em psiquiatria eram parcos, e ainda o são a não ser o tratamento cógnito comportamental que parte dos males às soluções, sem ficar no enfadonho e infrutífero (a não ser para os psiquiatras) tentar achar as causas, que muitas vezes estão em outras vidas, então esse era o caminho, embora não passasse pela cabeça dele que fosse algo por ai, o da psiquiatria, o que ele sentia.

A fome de conhecimento que lhe desce esclarecimentos era muito grande, pois a vida logo apresentou as garras e disse para que veio, então ele desde cedo não tinha tempo a perder, nem conseguia mesmo se quisesse.

Era um buscador incansável de respostas para algo que ainda não sabia o que era, mas sabia que era fundamental elucidar. Lia tudo que aparecia e lá naquela sala vazia, do último andar do prédio em que estava, ele ficava olhando o Sol se pôr entre os prédios menores e meditava.

Ainda era bem jovem, estava com dezesseis anos, mas a secretária, uma mulher já casada, começou a lhe dar bola, talvez pelo isolamento dos dois lá naquele prédio, onde a empresa respirava por aparelhos, pois o dono virou senador e nunca aparecia.

Ele ficava lhe falando das impressões e conclusões que ia tendo sobre suas inquietações atormentadoras que o estavam excluindo do convívio social até que chegou à conclusão que não sentia nada de emoção em resposta do que viesse de encontro a ele.

Tudo que lhe chegava do mundo social externo não chegava até à sua alma, ficava só no seu cérebro e retornava, e ai descobriu que essa era a causa do seu flagelo, dos seus desassossegos.

Nada passava do seu cérebro, pois o centro das emoções, a alma, tinha sido ferida de morte e ali era um pânico só, não se entendia com o mundo em sua volta, então nada chegava até ela e é ali onde formam-se os sentimentos que retornam ao cérebro para ser respondido pelo meio apropriado, ou seja, pela fala, ou por gestos, ou pela escrita, pelo silêncio, etc.

E na alma os sentimentos represados faziam pressão, feitos em ebulição, mas não tinham mais conexão também com o cérebro e o mundo exterior. Estava faltando a ponte.

Na interação normal estas impressões vindas de fora são, chegando na alma, lubricadas pelo sentimento sentido e retornam para o cérebro, mas para ele eram dois mundos distintos que não se conversavam, então essa era a conclusão e era nisso que ele tinha que trabalhar, voltar a abrir caminho para a sua fonte de sentimentos e interagir emocionalmente com o mundo.

O cérebro (porta de entrada do que vem de fora) e o núcleo dos sentimentos interno, tem que trabalharem simetricamente, assim deve ser, para não haver desequilíbrio.

Isto pode parecer estranho, pois esta interação normal acontece de forma sincronizada em milionésimos de segundos, e retorna, e só com a falta é que alguém pode ver o quanto ela é importante.

O cérebro, como instrumento do corpo material, que não tem vida própria e sim é vivificado pela alma é frio, assim como é uma simples pedra, então ele repassava o retorno de forma truncada para as pessoas que estivessem interagindo com ele, e com isso ele começou a se afastar delas, até chegar à auto exclusão total, pois lhe faltava algo e isto lhe deixava a sensação de desproteção e vulnerabilidade, se sentia um estranho no ninho, no caso a sociedade.

Por outro lado  este foco íntimo receptor/gerador das emoções ou impressões, a alma, só porque não chega nada de fora até ela, não quer dizer que ficava apaziguada, pelo contrário, está também em ebulição, devido à sua falta de comunicação e ficava em descompasso com o cérebro que ai não para de pensar e é sobrecarregado e passou a dominar todas as ações, por falta de alternativa, começou a extrema ansiedade.

E tudo isso ficava se chocando dentro dele, que tinha que transparecer normalidade enquanto se equilibrava nesta confusão e luta árdua de três frentes.

Muito tempo depois quando começou a lutar para conseguir esta reconexão com o mundo exterior novamente, ficava pensando como é que uma pessoa normal reagiria “em uma determinada situação como aquela que ele, eventualmente, estava passando”, e em cima disso reagia por considerações meramente cerebrais, até que começou mesmo, aos poucos, a sentir as emoções reais que iam surgindo no seu âmago; e na medida em que ia aumentando a sua confiança nesta interação, ia voltando a abrir sua alma para o exterior, e com isso a aquecendo para sentimentos genuinamente afetivos.

Mas para chegar a esse ponto ele teve que aprender a relaxar, pois a sua alma tinha vida própria a muito tempo por um lado e por outro o cérebro não se aquietava mais, sem controle, e ai uma ajuda profissional foi fundamental para chegar a algum equilíbrio, apesar de todas as suas lutas de até então e a ajuda veio pela terapia cognitiva e técnicas de relaxamento.

E assim foi voltando a ter uma vida relativamente normal no convívio social e sem depender só do cérebro, mas a alma se mantinha confusa e com isso extremamente ansiosa.

E ai vem a pergunta:

Quantos que não deixam de fazer este esforço reagente para voltarem a ser uma pessoa normal?

Não dá para dimensionar, mas todos devemos ter como máxima o que a escritora Roselis von Sass sintetizou muito bem com a frase:
"Não é o lugar em que nos encontramos nem as exterioridades que tornam as pessoas felizes, a felicidade provém do íntimo, daquilo que o ser humano sente dentro de si mesmo”.

E ele era uma prova disso, pois durante este processo todo, ele foi progredindo profissionalmente até chegar à sua independência financeira, mas esta situação financeira foi apenas empurrando para a frente o problema, mascarando-o, e quando chegou no seu clímax ele caiu prostrado novamente em desalento, pois mantinha-se solitário, apesar do convívio intenso profissionalmente.

E ai ele está na outra extremidade da bipolaridade, só que não sabe ainda, vai saber com o tempo, hoje é mais fácil o diagnóstico, então ele está na chamada mania, um entusiasmo onde se cria ou gera-se muita coisa, e onde os caminhos são abertos por inteligência e capacidades que o indivíduo possui, mas a solidão sempre está ali, é uma sombra que o acompanha, e que a atividade social neste período apenas máscara.

Mas chegando no clímax deste seu progresso ou talento, onde não tem mais para o que construir ele cai novamente no fundo do poço e este é o momento mais crítico de todos, pois ter que recomeçar tudo de volta, sem nem saber por onde, como nunca soube, pois apenas foi indo no seu progresso, então este ponto derruba muita gente e onde vemos tantas desgraças ocorridas.

Ele vê que ainda está dentro do labirinto embora todo o sucesso na sua área.

No meio artístico tem mais visibilidade, como ocorreu com Elis Regina, Elvis Presley, Prince, Amy Winnehouse, Robin Williams, todos mortos em meio a extremo sofrimento e em buscas em remédios e drogas que só vão piorar a situação.

O que ele via nos olhos destes artistas em seus últimos vídeos antes de morrerem, ele conhecia muito bem e sabia o que eles estavam passando, e só quem passou por isso pode sentir.

A vida das pessoas que se encaixam neste quadro se transforma num novelo sem fio de meada, e a pessoa submerge num labirinto imenso, que o deixa prostrado se sentindo sem esperança de saída, e uma reviravolta vai exigir muita luta para voltar a buscar a saída novamente.

Mas a vida é o nosso bem supremo, e não estamos nessa situação por acaso, como nos esclarece o mestre Abdruschin em sua Mensagem do Graal “Na Luz da Verdade”, cujos esclarecimentos sempre lhe trouxe muita força e foco e de onde ele tirava forças e esclarecimentos para continuar lutando, pois nesta obra está o “mapa da mina”, mas não é fácil assim para muitos, não nos iludamos, pois são os caminhos que muitos plantaram para si e só cada um ansiando do fundo da sua alma pela solução, e pela verdade, que recebe as muitas ajudas que o Criador nos coloca à disposição e a vida, com na ação de retorno  vai nos beneficiando na medida do nosso merecimento.

Em todas estas situações há diversos níveis de aflição, desde os mais brandos até os mais graves, e muitos veem na sociedade os motivos dos seus sofrimentos, o que não é, e por isto muitos procuram, muitas vezes, causarem mal ao meio onde vivem como vingança, por acharem que é o meio, devido a sua aparente rejeição, o motivo dos seus sofrimentos e da sua baixo autoestima daí desenvolvida.

Alguns se excluem de qualquer convívio e ficam impossibilitados para atividades necessárias como trabalhar, estudar, etc, enquanto outros podem desenvolver a partir de um ponto meios para se superarem e atuarem como atores de si mesmos e podem até se darem muito bem nas suas atividades, como os artistas citados e milhares de anônimos, e levam a vida desta forma, mas exige muita energia e persistência, mas se for merecedor e procurador incansável da verdade chegará até ela, como o caso citado.

Mas, muitos, um dia, quando tiverem alcançado todo o sucesso nas suas áreas, e não tiverem mais motivações, por algum motivo, vão dar de cara novamente com as suas solidões e mazelas escondidas e desmoronam, voltando novamente à sua real condição e depressão, o polo oposto do que estavam sentindo até então.

Mas as dificuldades da vida são para serem superadas, como dito, não importa o nível destas dificuldades, e para aqueles que as sofrem o lance é procurarem se auto ajudarem ao extremo e procurarem ajudas que hoje existem, mas o principal é terem consciência que tudo os que os atormentam é oriundo do seu íntimo, gerados por ações que fizeram em outras épocas da sua existência, que não começa com o nascimento, nem termina com a morte, por isto ela não é salvação.

Importante também é saberem que medos sociais hoje sentidos, normalmente são oriundos de ações erradas que fizeram ao meio onde viveram em outras vidas onde tiveram algum poder; não podemos esquecer dos poderes que todos os membros da igreja, por exemplo, tiveram não faz muito tempo, onde foram implantados tantos medos nas pessoas para que a igreja não perdesse a sua influência e poder, chegando até mesmo às famigeradas inquisições que rondava por cima da cabeça de toda a sociedade.

Mas também oriundos de tantas injustiças cometidas por soldados ou bandidos saqueadores, ou reis, causadas em tantas guerras e batalhas em busca de riquezas ao longo da história da humanidade, onde prevaleceu tantas atrocidades, assim como no período das colonizações.

A história da humanidade é feita de terror na sua maior parte, então não é à toa que países europeus estão se vendo hoje invadidos por pessoas das regiões onde eles só levaram pobreza e desmandos enquanto enriqueciam à custa deles, e a apenas poucos séculos atrás, então podemos ver ai a atuação da lei da reciprocidade espiritual e a tendência é só piorar, este processo não vai ter volta.

Hoje estes e outros nesta nova vida sentem um medo anímico inexplicável, e se sentem desprotegidos, como se vissem estar no meio de pessoas que querem pegá-los. A sociedade não necessariamente é a mesma, claro, mas o sentimento de desproteção, este é real, e acompanha a pessoa aonde ela for, pois ele é anímico e mesmo estando sozinho não o deixa de sentir, pois está na alma dele, então não tem como se esconder.

Semeou medo terá medo, semeou ódio sentirá ódio contra si, mesmo que quem olhe de fora veja nesta pessoa um ser ponderado e bom, mas só eles sabem o turbilhão que passa pelas suas almas e mentes, e daí tantas depressões e outros distúrbios psíquicos no mundo atual.

Tudo são colheitas como já disse Jesus um dia com a frase “O que o homem semeia isto ele colherá”, mas não teve tempo de aprofundar o assunto, nem de falar das reencarnações, onde haveriam as colheitas, pois foi trucidado por uma humanidade que não o aceitou e que hoje vive repetindo o que ele falou, mas não põem em prática no seu dia a dia os conselhos que ele deu.

Ou alguém em verdade “ama o seu próximo” no sentido que ele nos aconselhou?

Ou alguém procura manter o seu íntimo vibrando no dito: “Sede como as crianças”?

A maioria maciça das pessoas que possuem estes problemas anímicos/psíquicos, não vão se tornar prejudiciais à sociedade, mas a eliminação total dos sentimentos podem levar a isso ou a sofrimentos indizíveis a elas mesmas, e aos familiares mais próximos.

E você que me lê conheceu muitas pessoas que só fazem mal aos outros para se autopromoverem, tanto profissionalmente, na escola, ou na vida familiar ou social, ou mesmo por prazer, e estes são classificados hoje como psicopatas enrustidos, embora tenham um vida normal ou sem passarem a violências extremas ligadas ao termo, pois ai também há diversos níveis.

Para quem quer saber mais sobre esses assuntos pode ler os livros da psiquiatra Ana Beatriz Barboza Silva que são escritos de forma bem didáticos, e foram esclarecedores para ele, e ela acerta na mosca sobre os sentimentos que atormentam muitos, principalmente os bipolares, cujos sentimentos são muito aproximados aos TDAH (Transtorno de déficit de atenção), que ao contrário do que muitos interpretam, não é que lhes falte atenção de terceiros, ou dos pais, mas sim elas é que tem dificuldades de interação com o meio e vivem em parte desconectados.

E pelo lado de esclarecimentos espirituais mais amplos, que é a causa de tudo o que nos acomete, tanto psíquicos como físicos, e de como funciona a interligação da vida visível e invisível que levamos, e de como o que sentimos ou fazemos numa vida anterior influência em uma outra, que leia a Mensagem do Graal, Na Luz da verdade, do sábio alemão de codinome Abdruschin, já citado, e adquirirá todos os esclarecimentos que precisará.

Não ficará sem respostas, e lutar muito pela vida, pois a morte não mata a alma e os sofrimentos anímicos continuam de forma mais forte no lado de lá, ou em uma próxima vida novamente.

Terá sofrimentos eternos, ou alegrias eternas, então não tem outro caminho, vamos à luta para a superação, pois a morte, que muitos dizem "ele descansou" não traz nenhum descanso nem nenhuma solução como as igrejas tentam nos fazer crer, se fosse assim haveria muitas injustiças na seara do Senhor que eles dizem adorar.

E o psicopata é aquele que dá vazão aos seus sentimentos antissociais, embora a discrição e a articulação, e age de forma fria e calculista, pois não tem mais conexão com a sua alma, que se mantem anulada, não tendo então sentimento de afeição legitimo pelo próximo e vivem somente olhando para os seus interesses, não importando os meios, mas com nada de violência, pelo contrário, são muitos articulados.

Você deve conhecer algum, mas no fundo, se pensarmos bem, muitos de nós temos algum pouco disso, embora de nível ínfimo, pois não desenvolvemos a amor que Jesus tanto quis nos ensinar e agimos muitas vezes de forma egoísta na relação com o nosso próximo não muito querido ou até mesmo com quem amamos.

“Livre
só é o ser humano que vive nas leis de Deus! Assim, e não diferentemente, ele se encontra sem pressões nem restrições nesta Criação. Tudo o auxiliará então, em vez de lhe obstruir o caminho”.  Abdruschin em Na Luz da Verdade – http://www.graal.org.br