21. Reconstruir

Quem me lê sabe: todos navegamos num mar desconhecido, tormentoso. Alguns em imponentes e seguros navios, outros em barquinhos impávidos, mas todos nós em cima de algo, que nos apoia, que nos funda, apesar de levarmos essa fundação a suportar tantas tempestade por nós, em nosso lugar – muitas vezes são dois anjos, algumas vezes apenas um, outras mais que dois, mas são todos anjos... Pais... Mães... Família.

Todos nós temos nossos barcos, que um dia rebentam em seus próprios mares: um dia os anjos se vão e somos obrigado a Reconstruir.

Afogados num mar de lamúria a arrependimento, colhemos cada pedacinho de nossa embarcação esfacelada em milhões e sofremos as dores mais terríveis que um ser pode sofrer para que consigamos reerguer nosso suporte, é um recomeço.

É assim com todos nós, em algum momento de nossas vidas, simplórios seres ou grandiosos – nossos anjos são levados.

Alguns acreditam que eles sempre estarão por aí, outros os levam apenas em seus corações – não importa, nossos anjos foram levados.

Alguns pensam diariamente nessa iminência pesarosa, aguardando o fatídico dia, outros são tomados de surpresa – não faz diferença, nossos anjos serão levados.

E com eles irá metade de nós.