Deus gosta quando seus filhos brincam

Deus gosta quando seus filhos brincam


Dessas coisas que não dá pra explicar e, como diria o Satchmo Louis, se você quer uma explicação, nunca vai entender. Era outro assunto mas, no final de contas, tanto faz.

Afinal, estamos brincando ou não?

Ah, a imaginação, expressão do Espírito, fluxo de energia, um tanto suprimida no mundão mental, estruturado, acadêmico. Quando a gente percebe isso, carece brincar um pouco.

Eu conheci um sujeito que durante anos morou na av. Paulista, todos os dias perto das 5 da tarde ele se aproximava de numa banca de jornal em frente a sua casa, havia uma fila quilométrica de pessoas querendo carregar o bilhete único, então indagava para o dono da banca: sr., onde fica a av. Paulista? Cada dia o dono dava uma resposta diferente, as pessoas da fila olhavam espantadas, umas riam, aquilo nunca foi combinado, acontecia, somente.

Em primeiro de novembro de 2004 começou um caminho de descobrimento de certa brincadeira não tão alegre, nos USA, quando um grupo de rapazes recém saído do conflito no Iraque arrumou uma confusão na terra natal que terminou em óbito. Descobriu-se que um dos envolvidos, durante a estada no oriente médio, judiava de suspeitos feridos. Durante o inquérito um dos rapazes contou: ele não fazia por mal, era uma maneira de se defender de toda aquela barbárie.

Música é uma formidável brincadeira, mesmo sem ser virtuosa ou até literal, pois quando a corda de um instrumento de cordas for tocada com vigor, irá afetar outro instrumento de cordas próximo, caso as cordas deste estiverem afinadas em igual tom do primeiro. Ou seja, mesmo sem ser tocado, o outro instrumento começará a vibrar também. Tal fenômeno é conhecido como efeito das frequências ressonantes.

Posso brincar de achar que sou de carne e osso quando na realidade não passo de uma combinação de sinais eletromagnéticos inteligentes.

Você sabe o que o exército soviético fazia com a população afegã na década de 80? Um quinto da população afegã se refugiou no Paquistão. Diferente do que vemos hoje em Calais, eles chegavam lá aos pedaços. A truculência dos camaradas vermelhos, por comparação, conseguiu transformar o nazismo num campo de golfe com fadas e elfos. Não foi brincadeira.

O produto das informações que chegam para o cidadão comum via canais oficiais vem fantasiado de algodão egípcio, embora sua essência seja excremento de pomba.

Novembro já bate à nossa porta e as energias que estão agora permeando o planeta não permitirão qualquer outra coisa além do bem mais elevado para todos. Assim, melhor colocar novembro sob a língua, como uma tintura, uma homeopatia, e declarar mentalmente tratar-se de “um programa de intenção” para o restauro da bondade.

A brincadeira inicia em desafios introspectivos, dir-se-ia submersos, onde finalmente se descobre que ninguém vai salvar o mundo - a isso se denomina distração pretensiosa.

Em contrapartida, coisas diáfanas começarão a acontecer, já estão acontecendo, o solitário colocará a tintura sob a língua e verá barreiras de gelo derretidas ao seu redor. E ao redor do tímido haverá mais paciência para que ele consiga romper a concha e participar das brincadeiras. Aquela menina amarga vai descobrir o seu Pakauwah e, conforme for, voar em suas asas. Grupos, por assim dizer, medirão o sucesso de suas empreitas de acordo com a alegria que sentiram e a força individual terá ênfase na capacidade de liberar ao invés de segurar.

Por fim, aquele menino que se envergonhou de seu pai porque para sobreviver ele varria a rua, finalmente verá que seu pai bateu na adversidade com uma vassoura e passou a dormir todos as noites sobre a dignidade.


Nesse momento, um coração de cada vez está criando aquilo que ainda não está aqui.


(Imagem: Rembrandt - Duas Mulheres Ensinando uma Criança a Caminhar,  1635/1637)
Bernard Gontier
Enviado por Bernard Gontier em 26/10/2016
Reeditado em 20/06/2020
Código do texto: T5804223
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