O RETORNO SENTIDO

O RETORNO SENTIDO

Não me perca de vista

sinto o sintoma da ambiguidade

perdida desde o tempo

da minguas de amor marcado

quando vinha antes de ter chegado

um recado de que estava perto

o dia de encontrar você parada

sozinha duplicada amando

cada momento infeliz

quando do trem ninguém descia

alguns dos que fazem alardes

outros iguais a mim desciam

sozinhas procurando num papel

amasssado do caminho

onde os ventos são inimigos

das janelas televisivas

distraindo onde encontram

este abrigo tão caro ela morre

nos olhos pelo destino estranho

possuindo cada um que passa

mal percebe que está numa

pequena selva das estações fixas

das estações que pairam no ar

o segredo da espera fria

não me perca das horas

elas se quer existem

que digam aos números contados

que o tempo foi um dia

inteiro acordada esperando-me

isso foi de longe um amante

escrito nas coisas que moviam

teus olhos nas coisas que iam

por perto passando

alguém fitava sua vontade

de molde curado antigo

pela estranha pose de dama

e das roupas de nobreza simples

querendo que as sombras

já fossem minha alma vagando

e o vagão vem abrindo portas

inimigas todos que saem

são muitos porquês mudos

estes escudos que traem

o dia marcado o tempo de chegada

o lugar do encontro

foi tudo assombro

eu havia dito na outra

onde as arvores dormem sobre

o telhado em que as flores

são brancas outras sortidas

não percebeu o engano

por isso me viu chegando

d'outro lado dos trilhos

não me perca agora

o amor não tem tempo

pra estas horas sarcasticas

que lutam por um momento

em que o tempo seja

como tudo foi pensado

ainda bem que estamos juntos

assim podemos ter horas com vida

convida tua franqueza

preciso ver a minha sair

perdendo-se no medo que nós dois

temos deste tempo

que parece ter ouvidos!

MÚSICA DE LEITURA: Beethovem - Silence