Causas e consequências

Acredito que aos muitos sentimentos que trazemos retidos no nosso íntimo devemos dar vazagem para a nossa própria libertação interior e transformá-los em mensagem que venham despertar consciência para uma visão mais lógica do que representa a nossa existência e o objetivo para o qual Deus nos criou. Penso que a vida que recebemos como gratuidade do Criador Universal deveria ser uma mensagem de gratidão e louvor a este mesmo Criador. Cada um agindo através de seus Dons, sem uniformidade, mas na unidade, como um coral de muitas vozes. No entanto, são muitas as obstâncias a amantelar os ideais de ações transformadoras que formariam a perfeita antífona da nossa parusia. Penso também que a vida ainda não foi avaliada precisamente em toda a sua dimensão, plenitude, grandeza, beleza, mistério e missão. O individualismo e o egocentrismo são como espermatozoides à procura de óvulo onde penetrar e se estabelecer, expandindo-se nas mais diversas formas e meios. Isso nos parece ser uma das maiores causas de desrespeito à vida que foi criada, certamente, para fins mais sublimes. Todos nós, indiscutivelmente, trazemos de berço muitos dons os quais chamamos de dons do Espírito que, com certeza, nos tornarão capazes de crescermos quando aplicados na vida, na sua plenitude. Infelizmente não sabemos até que ponto influências negativos desviam ou abafam o exercício destes mesmos dons, causando uma lacuna no projeto de vida que foi idealizado para cada um em particular para ser protagonista na sua missão de construir a história da humanidade. Quantos escritores, doutores, poetas, missionários e tantos outros poderiam enriquecer o mundo com suas ações transformadoras e, no entanto, ficaram esquecidos nas periferias, desde a mais tenra idade, sem sequer aprender a ler. E na pior das hipóteses, jogados ao descaso, na pobreza, na fome e na miséria total. Esses dons foram abafados, afogados, destruídos, recrudescidos, quando não revertidos em revolta, agressão e ódio. Muitos destes marginalizados se armam de violência na esperança de emergirem da miséria em que vivem e, consequentemente, afogam-se cada vez mais nos atoleiros da sociedade ou vão vegetar nas salas dos presídios. São, na verdade, pérolas embrutecidas, tornando-se areia nos sapatos dos demais. Então, fica claro que quanto mais nos alienamos das causas, facilmente condenamos as consequências. Condenamos com facilidade os infratores da lei, mas não criticamos e nem condenamos os infratores da justiça. É preciso se dar conta dessa realidade. Ter em mente que é preciso tomar consciência de que nenhum mal existe sem que para isso tenha se propiciado a sua fecundação.
Juraci da S Martins
Enviado por Juraci da S Martins em 04/11/2016
Código do texto: T5813387
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.