28. Com garras e sangue

Passaram-se alguns momentos intensos desde a última vez que vim aqui, nessa tábua rasa, derramar meu coração flamejante...

Eu não me lembro com qual estilo fazia isso: atirado ou recatado, tenebroso ou gentil. Tanto faz, agora. Tanto faz. Ainda vivo no mesmo inferno.

Certo dia, cansado e soterrado pela minha própria existência, decidi que era hora de procurar uma saída. Achei. Com garras e sangue moldei minha própria redenção e, com alívio, enxerguei a luz no fim do túnel... Ou pelo menos achei que havia enxergado.

A desgraça é traiçoeira e a vida costuma andar de mãos dadas com ela... Aquela luz, uma miragem. Mera ilusão. Afastou-se de mim e, quanto mais eu a procurava, mais a miserável corria de mim...

E ainda corre...

Hoje, ainda vivo no mesmo inferno. A luz, distante, rarefeita. A promessa? Forrada de esperança e encharcada de realidade: a desgraça é traiçoeira e a vida costuma andar de mãos dadas com ela.