UMA VIDA NA VITRINE

Noite fria... Mas agradável e convidativa a um passeio pelas calçadas da cidade, chego mais perto da janela do meu prédio para admirar aquele vista e assim relaxar um pouco, do outro lado vejo uma menina pequenina, estava descalça, cabelos desarrumado um rosto cansado com marcas de responsabilidade adulta, que não lhe cabia nesta idade, repetindo inúmeras vezes sua árdua jornada que se resumia em apoiar pacotes de balas com uma mensagem impressa tipo: “Sorria , seu sorriso faz a diferença, tenha um bom dia... balas só R$ 1,00” sua pele era morena castigada pelo sol da tarde que forte brilhou aquele dia, quando o semáforo fechava para os carros lá ia ela pequenina entre os imensos automóveis, mas ela incansavelmente se agigantava na ponta dos pés para enxergar o seu potencial cliente, quando o semáforo abre e os carros voltam a correr, a pequenina exausta caminha até o meio fio e senta-se em meio ao transito, como que anestesiada a síndrome da cidade grande, de repente fixa o olhar e um ponto perdido da rua como se o tempo parasse e em segundos eternizar sua infância sofrida, em um futuro que não lhe é contemplativo, só um estridente buzina de uma motocicleta vem a desperta-la, então ela volta a seu árduo trabalho de 8...12...15 horas ou mais por dia sempre a mesma frase: - Compra uma bala tio!!! Pra me ajudar só R$ 1,00... Compra? Após algum tempo se vê vencida pelo cansaço e se põem a caminho a uma direção da rua para aquilo que eu supunha ser o seu lar mas ao passar por uma bela e imponente vitrine para e fita atentamente para dentro da loja... ali é um local de belas lojas que por conta do clima natalino estão lindas iluminadas com papai-noéis e trenós que deixam as vitrines muita mais belas e encantadoras, mas nada disso parecia desperta – la , que continua parada enfrente aquele vitrine, de repente com leveza toca com seus pequeninos dedos a vitrine como se pudesse alcançar o objeto de seu desejo uma bela boneca com longos cabelo loiros, olhos azuis e bochechas rosadas a propaganda diz que pode andar e até falar algumas frases do tipo: “- Oi meu nome Cindy, quer brincar comigo, eu quero ser sua amiga...”, só que a pequenina menina não tinha os requisitos necessários para ser amiga daquela boneca, ou para brincar com ela... Ou seja, “dinheiro” no estante momento noto um sorriso enorme no rosto sofrido da menina que em poucos minutos vai se desfazendo dando lugar um rosto de decepção e tristeza, baixa sua cabeça devagar encosta sua testa na vitrine e da um suspiro, quando ouve uma vendedora gritar - Hei menina sai daí!!! Cabisbaixo segue vagarosa seu caminho de paradeiro desconhecido, olhando para algumas pessoas que passam correndo de um lado par o outro apressadas por causa do natal e nem notam a pequenina presença daquela pobre menina, que parecia trazer contida em seu semblante uma frase ou um sufocado desabafo:

Heiiii!!! Você... eu existo viu? Eu tenho um nome, quer saber qual é?

- Meu nome é Descaso.