Escravos Contemporâneos

De tudo que nos foi imposto, pregado, empreguinado, com tal força e zelo, deixou-se de explicar o quão dirigível os destinos são e que existem caminhos opostos possíveis e satisfatórios. Estamos alicerçados de sonhos alheios, futuros já planejados, e a cada dia que passa percebemos o quão deixamos de cumprir e olhar em volta. As cidades cinzas exibem arranha-céus que do alto parecem espinhos, as ruas movimentadas escancaram o prognóstico de uma sociedade em transe, os passos aligeirados soam como tambores estridentes e perturbadores, rostos exibem um sorriso pálido e enferrujado, os algozes e patriarcados coronéis esbanjam uma impecável neutralidade, o piscar de seus olhos são serenos e leves, os demais não piscam, se piscam, deixam de ser os demais. Ainda que não se tenta controle, que se seja o ser controlado e todos os futuros se findam nas mesmas coisas, nos mesmos objetos de desejo, é possível vender-se menos, e que se enriqueça menos os coronéis. Os anos voam mais que nuvens e tudo se movimenta rapidamente, tudo isso faz com que se morra cedo e se perceba gente tarde.