PEQUENO GRANDE GESTO

Existem fatos que ficam eternizados em nossa mente, o tempo pode passar, mas a tal atitude ficará sempre eternizada no âmago do nosso ser.

Em 1979 consegui passar no tão disputadíssimo provão da Escola Técnica de Metalurgia da Acesita. Quem estudava nessa escola geralmente tinha vaga garantida para trabalhar na Companhia de Aços Especiais Itabira.

E foi estudando nessa escola que tive o privilégio de conhecer o Raylander, um jovem que juntamente comigo estudava no Metalurgia. Era um jovem sistemático, inicialmente de poucas palavras, mas que quando sentia-se a vontade virava o maior comediante. E foi assim que iniciou minha amizade com o Raylander.

Através do Raylander, tive acesso a toda a sua família. Dona Inês sua mãe, uma mulher que sempre quando eu chegava na sua casa me recebia de braços abertos e com um sorriso no rosto. Pessoas assim sempre nos contagiam positivamente. Seu padrasto era um homem mais calado, mas também de um coração grandioso, e de vez em quando ele arriscava contar algumas de suas histórias. Tive a oportunidade de conhecer também a Rosana sua irmã que na época estava acabando de formar em Magistério e iniciava sua carreira no Magistério.

Diante de tudo isso, acabei criando uma amizade não apenas com o Raylander mas com toda a família dele. Foram momentos especiais na minha vida, onde sempre que possível eu arrumava um tempinho pra visitar sua casa.

Todos finais de semana a família ia descansar numa casa na cidade de Marliéria-MG. Rosana naquela época começou a fazer uma Pós-graduação no fim de semana, sendo assim não podia ir com os pais no fim de semana para Marliéria-MG e ficava então na sua casa em Coronel Fabriciano-MG. A confiança da dona Inês era tal em mim que a pessoa que era responsável pra fazer companhia pra filha dela era eu.

Eu e a Rosana éramos grandes amigos, sempre estávamos ali conversando, passando o tempo, rindo, ao ponto do meu amigo Raylander dizer que sua irmã tinha um certo interesse em mim. Mas por maior que fosse a nossa amizade, jamais eu encostei um dedo na Rosana. A confiança que a mãe dela depositara em mim ao ponto de deixar sua filha todos os fins de semana sozinho na sua casa sob a minha responsabilidade, fez com que eu ficasse mais apreensivo, e de certa forma eu jamais iria querer quebrar a confiança que ela tinha depositado em mim. E não foi por falta de conversa, eu e a Rosana ficávamos até tarde da noite conversando em seu quarto. Eram momentos divertidos, sem maldade e de muita pureza.

Meus queridos leitores essa exposição toda apenas pra contar o fato que marcou minha mente no qual eu denomino no título de Pequeno Grande Gesto, mas podem ficar tranquilos que agora irei falar que gesto foi tão marcante em minha vida.

Teve um certo momento na minha vida em que eu convivia com eles que eu estava desempregado, tinha acabado de pedir conta no escritório da empresa de transportes coletivos onde eu trabalhava e foi justamente nessa época que o fato tão marcante aconteceu.

Era um belo sábado pela manhã, e estávamos todos rodeando a cozinha. Dona Inês estava preparando o almoço, conversa vai e conversa vem a dona Inês fez a seguinte afirmação: “Gilson eu não precisaria de mais nada, se eu soubesse que um dia você casasse com minha filha Rosana”. Aquela afirmação me causou uma certa surpresa e impacto, uma vez como havia dito anteriormente eu me encontrava desempregado, e prontamente eu respondi dando um sorriso “Só se a senhora quisesse que a sua filha fosse me sustentar, pois eu me encontro desempregado” e novamente ela rebateu com veemência “Isso não tem nada a ver, eu sei que essa situação sua é temporária, você é um rapaz trabalhador e juntamente com minha filha vocês dois seriam bem sucedidos”. Foi esse o gesto que ficou marcante eternamente em meu coração. Saber que a confiança da mãe era tanto e que sua vontade era que eu e sua filha nos tornássemos marido e mulher.

São gestos como esse que nos deixam revigorados, fortalecidos, cheio de ânimo para que possamos superar todas as adversidades que nos rodeiam. Pois fique sabendo dona Inês que onde eu for ou onde eu estiver trarei sempre a senhora no meu coração e jamais a esquecerei simplesmente devido a esse Pequeno Grande Gesto.

Simplesmente Gilson
Enviado por Simplesmente Gilson em 14/11/2016
Reeditado em 14/11/2016
Código do texto: T5822975
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