Da Série: Estabacos Espetaculares

MERGULHO NINJA

Deve ter sido obra de um capetinha aquele tropeção no piso perfeitamente regular a um passo do último degrau da escada. Mas se por um lado essa dúvida, por outro a certeza de que a vítima tem alma de gato. Feito o danado do bicho que sempre cai de pé, o ninja mergulhou de ponta, “desceu” todo o lance em duas cambalhotas acrobáticas e emendou um trote quase casual, como se nada tivesse acontecido. Além da agilidade, uma humildade só: até hoje não consegue explicar a proeza digna de aplausos.

CINDERELA ESTABANADA

Essa foi descendo do ônibus. O pé esquerdo virou na aterrissagem e quando a moça deu por si estava de quatro na calçada. Na Cinelândia, um dos pontos mais movimentados do Centro do Rio de Janeiro. Às cinco horas da tarde. A sapatilha foi parar de lado no meio-fio, aos pés de uma senhora de meia idade que não perdeu tempo em comentar com algum desdém: “Calça o sapatinho, minha filha”. Sapatinho esse que, para alento da estabanada, em dois segundos estava na mão de um cavalheiro pronto para ajudá-la a se erguer. Belas e desastrosas pedrinhas portuguesas.

MOCHILA ASSASSINA

Mentira, que eu testemunhei a cena toda de camarote e digo que ela não foi a vilã, muito pelo contrário. Aconteceu que o aluno se despedia dos amigos no alto da escadaria do colégio quando um infeliz, ao dar meia volta para descer, sem querer alavancou a tal mochila para um giro de 180 graus que por um empurrãozinho da lei da gravidade encontrou sequência para baixo. Abarrotada tanto de apostilas como casacos e outros amortecedores, a protagonista do começo e meio da história proporcionou um rolamento perfeito até o pé da longa, longuíssima escadaria, já cercada por uma pequena plateia que esperava boquiaberta o literal desenrolar.

Por sorte, ninguém sofreu um arranhão.