PRELÚDIO ato2

PRELÚDIO ato2

E foram todos os artifícios

os menores os impossíveis

até a mágica chegada da mãe

que outrora vinha sempre quando

sa imensa falta que tudo fazia

de caminhar pela estrada terra

dos tempos que criança

parecia brincadeira ir ver

um canteiro plantado de flores

e pedras bem cuidado não fosse

outro incrível fascínio mal construído

quem dera eu não soubesse

quem dera eu nunca tivesse entendido

quem dera tivesse na beira da morte

por hoje sintoma de vida decadente

pudesse saber que ela ia ver

quem também mais tarde

no velho album das poses eternas

nunca dormi sobre a pele

nunca senti o movimento diferente

de tal música de que depois

fui chamada para ser amada

sem ter nunca pretendido entregar

minha alma se quer meu corpo

a outro antes de descobrir o sopro

que de lá vinha

eu caminhei um dia sozinha

pelo canteiro ainda vivo

ainda bem cuidado ainda com esmero

pelo respeito de quem lá dormia

agora também era ela que não

estava sozinha e o desconhecido

nunca me dizia como ela esqueceu

de dizer que fui eu que plantei

várias coisas bonitas junto dele

um tempo que faz tempo

eu odeio esse tempo que torna tudo falso

fica claro entendendo quem eu era

obscuro e vazio quando despojada

desiludida eu querendo o futuro

como n'alma sentia ela sendo covarde

sonhando com uma valsa

e depois com um berço trazendo

quem sabe ele de novo fantasma

morreu de ausência

me deixando coberta de miseráveis

iludidos e fracos pomposos

com a força dos muros construidos

eu recitava no escuro da noite

pra que as estrelas pudessem ouvir

me diziam que lá em cima

vivia alguém que tornou o amor conhecido

que tomou o calice dos outros

que ninguém era louco

por querer ser livre...eu duvido

naquilo que é amargo e oferecido

pra ter encantos válidos de dama

pra tornar-me mulher

minha alma deveria ser vendida

meu espirito um ornamento

rabiscado de versos mudos

aos surdos viventes da esfera

brilhosa que alguém lustrava

todos os dias....

MÚSICA DE LEITURA: Frederic Chopin - Fantasie ...opus 66